Antologia da Espiritualidade

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Capítulo XVII

Mas rogo-te, Senhor


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Senhor, eu te agradeço

Não somente

As horas boas da felicidade,

Em que o meu coração tranquilo e crente

Dá-se ao louvor que te bendiz…

Agradeço igualmente os dias longos,

Em que varo o caminho, a pedra e vento,

Nos quais me ensinas sem barulho,

Através das lições do sofrimento,

Como ser mais feliz.


Agradeço a alegria

Que me dispensas pelas afeições,

A bênção de ternura,

Em cuja luz balsâmica me pões

Sob chuvas de flor;

E agradeço a amargura

Que a incompreensão me traga,

O estilete da crítica ferina,

Que tanta vez me oprime o peito em chaga

Para que eu saiba amar sem reclamar amor.


Agradeço o sorriso da esperança

Com que me fazes crer na verdade do sonho,

A segura certeza com que aguardo

O futuro risonho

Pela fé natural;

E agradeço-te a lágrima dorida,

Com que me alimpas a visão,

A fim de que eu prossiga, trilha afora,

Sem caminhar, em vão,

Sob a névoa do mal.


Agradeço por tudo o que me deste,

A ventura, a afeição, a dor, a prova,

O dom de discernir e o dom de compreender,

O fel da humilhação que me renova

Para que eu permaneça em ti no meu próprio dever…

Mas rogo-te, Senhor,

Quando me veja

Sob a perseguição e o sarcasmo das trevas,

No exercício do bem,

Não me deixes perder a paz a que me elevas,

Nem me deixes ferir ou condenar ninguém.




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier

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