Antologia da Espiritualidade

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Capítulo XXX

Cantiga do perdão


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Não te iludas, amigo,

Por mais se expandam lágrimas contigo,

Todo lamento é vão…


Tudo o que tende para a perfeição,

Todo o bem que aparece e persiste no mundo

Vive do entendimento harmônico e profundo,

Através do perdão…


Perdão que lembre o sol no firmamento,

Sem se fazer pagar pelo foco opulento,

A vencer, dia a dia,

A escuridão da noite insondável e fria

E a nutrir, no seu longo itinerário,

O verme e a flor, o charco e o pó, o ninho e a fonte,

De horizonte a horizonte,

Quanto for necessário.


Perdão que nos destaque a lição recebida

Na humildade da rosa,

Bênção do céu, estrela cetinosa,

Que, ao invés de pousar sobre o diamante,

Desabrocha no espinho,

Como a dizer que a vida,

De caminho a caminho,

Não despreza ninguém,

E bela, generosa, alta e fecunda,

Quer que toda maldade se transfunda

Na grandeza do bem…


Perdão que se reporte

À brandura da terra pisoteada,

Esquecida heroína da paciência,

Que acolhe, em toda parte, os detritos da morte

E sustenta os recursos da existência,

Mãe e escrava sublime de amor mudo,

Que preside, em silêncio, ao progresso de tudo!…


Amigo, onde estiveres,

Assegura a certeza

De que o perdão é lei da Natureza,

Segurança de todos os misteres.


Perdoa e seguirás em liberdade

No rumo certo da felicidade.


Nas menores tarefas que realizes,

Para lembrar sem sombra os instantes felizes

Na seara da luz,

Na qual a Luz de Deus se insinua e reflete,

É forçoso exercer o ensino de Jesus

Que nos manda perdoar

Setenta vezes sete

Cada ofensa que venha perturbar

O nosso coração;

Isso vale afirmar,

Na senda de ascensão,

Que, em favor da vitória,

A que aspiras na luta transitória,

É mais do que importante, é essencial

Que te esqueças, por fim, de todo mal!…

E que, em tudo, no bem a que te dês,

Seja aqui, mais além, seja agora ou depois,

Deus espera que ajudes e abençoes,

Compreendendo, amparando e servindo outra vez!…




Essa mensagem foi publicada originalmente em 1969 pela FEB e é a 16ª lição do livro “”



Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier

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