Antologia dos Imortais

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Capítulo XII

Pereira da Silva

Não era mais o lume de Aladino

Que trazia na mão dorida e pasma,

Era a tremura de um doente de asma,

Ouvindo, inerme, o choro do destino.


O leito igual ao chão de lodo e miasma

Fez-se lousa de gelo em Sol a pino…

Quero gritar em vão, quanto um menino,

Amedrontado à sombra de um fantasma.


Divago. Embalde movo os lábios perros.

Varo — errante viajor — impérvios serros…

Meu sonho é um velho cão ladrando à lua…


Tudo — silêncio pálido de esfinge…

É o nada… A dor do nada que me atinge

Mal sabendo que a vida continua…


Antônio Joaquim PEREIRA DA SILVA — No Rio de Janeiro, Pereira da Silva foi aluno do Liceu de Artes e Ofícios, ingressando, depois, na Escola Militar. Transferido, mais tarde, para o Estado do Paraná, aí se tornou dedicado amigo de Dario Veloso e de outros poetas da sua estirpe. Deixando o Exército, voltou ao Rio. Estudou Direito e aderiu ao grupo simbolista da . Foi redator da , colaborando em outras publicações da imprensa carioca, como crítico literário. Em 1933 ingressou na Academia Brasileira de Letras, cadeira n° 18. Luís Murat considerou Pereira da Silva um dos maiores poetas da sua geração, “homem que possui uma grande cultura, a par de uma grande inspiração” (Pereira da Silva, , pág. 228). (Araruna, Serra da Borborema, Paraíba, 9 de Novembro de 1876 — Rio de Janeiro, Gb, 11 de Janeiro de 1944.)

BIBLIOGRAFIA: ; ; ; ; etc.


. Observe-se a frequência com que o poeta usa o vocábulo pálido e seus cognatos. No soneto “À minha mãe” (apud Pan. IV, pág. 117), o último terceto, por exemplo:


“E me atirando uma porção de lírios

Transfigurou-se pálida e apiedada

Dos meus soluços e dos meus Martírios…


Cf., ainda, a 2ª estrofe de “Sóror Mágoa” (apud Op. cit., pág. 118). Na 4ª estância desse poema, encontramos isto:


“Como se ajusta bem a palidez à fome

E o tédio ao dissabor do espírito de alguém.”


Interessante, também, o último terceto de “Sol poente” (apud Op. cit., pág. 119).



As poesias de números ímpares foram recebidas pelo médium Francisco Cândido Xavier e as de números pares pelo médium Waldo Vieira. Dispomo-las assim, por sugestão dos Amigos Espirituais.



Francisco Cândido Xavier

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