Antologia dos Imortais

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Capítulo III

Valentim Magalhães

Preito de amor à irmã aprisionada no leito há trinta anos…

Revejo-te a brilhar no fausto de outras eras…

No trono de cetim, sob o dossel de opalas,

Gravas horrendas leis, e o povo, ao proclamá-las,

Deita pranto e suor nas provações severas…


Ninfa adulada e loura, em róseas primaveras,

Fragrâncias orientais suavíssimas trescalas,

E contraste, irrisão! quando surges e falas,

Epopeias de dor em fúria transverberas…


Depois de longo tempo, augusta soberana,

Encontrei-te a chorar… Tristonha ruína humana,

Enferma e sem ninguém que te incense ou idolatre!


Mas reencarnada, assim, desditosa e esquecida,

Lavaste o coração, purificaste a vida

E fulges qual estrela entre as sombras do catre!


Antônio VALENTIM da Costa MAGALHÃES — Romancista, poeta, crítico literário, polemista, teatrólogo, contista e jornalista. Bacharel pela Faculdade de Direito de S. Paulo, Valentim Magalhães advogou durante alguns anos no Rio de Janeiro, onde foi professor de Português e, depois, de Pedagogia na Escola Normal. Diretor-fundador do célebre jornal literário — — e membro fundador da Academia Brasileira de Letras, o suave poeta de exerceu poderosa influência nos meios culturais do País. Colaborou em diversos diários importantes do Rio e de S. Paulo. Segundo Péricles Eugênio da Silva Ramos (, III, pág. 29), foi V. Magalhães um dos poetas mais representativos da poesia socialista. (Rio de Janeiro, Gb, 16 de Janeiro de 1859 — Rio de Janeiro, Gb, 17 de Maio de 1903.)

BIBLIOGRAFIA: ; ; ; ; etc.



As poesias de números ímpares foram recebidas pelo médium Francisco Cândido Xavier e as de números pares pelo médium Waldo Vieira. Dispomo-las assim, por sugestão dos Amigos Espirituais.

1-4. Observe-se que os verbos no pretérito imperfeito e no presente do indicativo, respectivamente, demonstram bem a situação do verdugo de ontem e do sofredor de hoje.

7-11. Elipse: “Jungido à humilhação por mais (que) suplique ou gema” e “Rogando ao Pai de Amor (que) lhe amenize a derrota!…” — .

Epizeuxe.

Note-se o efeito deste “enjambement”. Como que chegamos a ver a rúbida serpente a subir e a bailar, coleante e trágica.

Ricochete: “… — “Inocente! Inocente!…”

Grande Lei. Refere-se o poeta à Lei de Causa e Efeito.

brasas cor de sangue: o pênfigo ou “fogo selvagem”, como é conhecido entre nós.

Leia-se do-en-te, em três silabas.

Note-se a sinalefa: “Ou a em/pi/nar/ o/ cor/cel/ no/ cam/po/ ver/de-/lou/ro.”

Ler assim este verso: “U/ma es/mo/la,/ se/nhor,/ que/ me a /li/vi/e os/ ma/les!…”



Francisco Cândido Xavier

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