Antologia dos Imortais

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Capítulo XLI

Ciro Costa

Atravessara, aflito, os umbrais do outro mundo

E, ao erguer-se da lousa, exânime, febrento,

No sepulcro imagina o suntuoso aposento

Onde, a sós, afagava o tesouro infecundo.


— “Meu dinheiro!” — reclama, exasperado e atento.

“Ouro! Meu ouro só! Por nada me confundo!

Ladrões! Quem me furtou?” — esbraveja iracundo

Em largo desafio aos sarcasmos do vento.


Ouve o silêncio em torno e ruge: — “Agora, agora!

Achei meu cofre! Achei!…” — gargalha, grita, chora,

Na homérica ilusão que ele mesmo proclama…


Inclina-se. Algo colhe e, em delírio perfeito,

Investe contra a sombra e aperta contra o peito

Velha tampa de esquife empastada de lama.


CIRO COSTA — Depois de formar-se em Direito pela Faculdade de S. Paulo, o artista de “Pai João” viajou pela Europa e pelo Oriente, chegando a visitar a Índia e o Egito. Residiu por algum tempo no Rio de Janeiro. Juntamente com Olavo Bilac, Martins Fontes e outros intelectuais, fundou a “Sociedade dos Homens de Letras do Brasil”. Colaborou nas revistas paulistas da época, dentre elas e . Eleito para a Academia Paulista de Letras, não chegou a tomar posse. “Ciro Costa era uma irradiação larga, amplíssima de talento e de simpatia” — afirma Marques da Cruz na Revista da Academia Paulista de Letras, n° 25, pág. 169. “Epígono da geração acadêmica do Romantismo”, fundamentalmente um romântico, ele viveu, porém, a vida da sua época. “Foi parnasiano e simbolista” — escreve Marques da Cruz, concluindo. (Limeira, Est. de S. Paulo, 18 de Março de 1879 — Rio de Janeiro, Gb, 22 de Junho de 1937.)

BIBLIOGRAFIA: ; .



Epímone. — .

Ricochete: “… — Agora, agora!”

“Achei meu cofre! Achei!…”: Mesarquia. . Observe-se, ainda, a adequação dos verbos a exprimir uma gradação ascendente.

Epímone. — .


(Psicografia de Waldo Vieira)



Francisco Cândido Xavier

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