Antologia dos Imortais

Versão para cópia
Capítulo XLII

Galba de Paiva


Temas Relacionados:

Silêncio… Inércia… Morte… O fim de tudo…

Era o estranho ideal que acalentara

Quando vivi qual cego, surdo, mudo,

Ou sonâmbulo em crise longa e rara.


Covarde e tresloucado, em transe agudo,

De súbito fugi à vida amara

E marchei, constrangido, para o estudo

Do enigma que, em vão, me acabrunhara.


Mas não morri… Morreu-me o vaso impuro…

E, distante da carne transitória,

Colho o passado e planto o meu futuro.


Nem mistério, nem cinza à nossa frente…

Apenas o homem louco de vanglória

Procurando enganar-se inutilmente.


GALBA DE PAIVA — Poeta distinto, jornalista, conferencista e crítico literário. Depois de cursar o Liceu Alagoano, de Maceió, bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, tendo sido o orador da turma de 1915. Exerceu várias funções públicas na administração e na magistratura do Rio Grande do Sul. Colaborou em diversos jornais e revistas, dentre outros o , de Santa Maria, , de Porto Alegre, e do Rio de Janeiro. Na revista carioca foi crítico literário ao tempo de Adelino Magalhães. De 1930 até à sua desencarnação, viveu no Rio de Janeiro, advogando no foro. (Uruguaiana, Rio Grande do Sul, 26 de Setembro de 1893 — Rio de Janeiro, Gb, 1 de Julho de 1938.)

BIBLIOGRAFIA: , versos; , conferência; , idem; etc.


. Para que possamos entender-lhe o soneto, transcrevamos apenas o último terceto de “Perante a Dúvida”, que o poeta escreveu, tempos antes de se suicidar:


“Mas do termo final já não me iludo…

— Basta a triste certeza de ser nada,

Basta a vaga esperança de ser tudo.”

(Apud Col. Poetas Sul-Riogr., pág. 283.)



Aliteração em d.

Suarabácti: “e-ni-g-ma”. .

morriMorreu-me…: Poliptoto.


(Psicografia de Waldo Vieira)



Francisco Cândido Xavier

Este texto está incorreto?