Antologia dos Imortais
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Vento gelado dá beijos traiçoeiros Na face contraída do mundo Com lábios de cadáveres insepultos. As folhas do arvoredo, tiritantes de frio, Sussurram gemidos lassos… Os insetos enrouqueceram… Trino cavo de pássaro doente Dissoa tristura pelo espaço… A Natureza hiberna no frigorífico da terra. Aqui, no homem sem corpo, As algemas agrilhoantes do destino Enroscam-se à mente sufocada. Quanta aflição nas celas dos remorsos! Coroa de espinhos Dos atos que não foram feitos… Galopeia o pensamento! Aí, dos bastidores do silêncio, Debulha a melodia mental Galgando as montanhas de ar, E fende as cinzas do céu… Há revérberos de sorrisos Chuviscando na amplidão! Arco-íris em noite escura… Primavera na invernia… Chora perdão o Espírito amparado… Gêiser de fé esfervilhando sensações, Age a prece do bom Entrando, em triunfo de amor, Na Cidade dos 1njustos… |
. Embora sob o manto do anonimato, registamos aqui a presença de grande poeta modernista.
homem sem corpo, isto é, sem corpo carnal.
Cidade dos 1njustos: o Umbral.
(Psicografia de Waldo Vieira)
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