Antologia dos Imortais

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Capítulo XLVI

Zeferino Brazil


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Saulo, o perseguidor, segue o roteiro, atento.

Vem Damasco à visão do futuro rabino.

Aridez ao redor… Mato raro, mofino…

Nem perfume de flor, nem sussurro de vento.


Pronto, vasto clarão golpeia o firmamento.

Desce um homem de luz e empana o Sol a pino.

“Saulo!… Saulo!…” — convoca o emissário divino.

“Quem sois vós?” — Saulo grita, assombrado e violento.


“Eu sou Jesus” — responde a vítima ao verdugo —,

“Não recalcitres mais contra o amor de meu jugo!”

Cego, o doutor da lei tomba de alma ferida…


Mas longe de jungir-se aos grilhões do passado,

Levanta-se na areia, exsurge transformado,

E consagra a Jesus o coração e a vida.


ZEFERINO de Sousa BRAZIL — Poeta, cronista e jornalista, membro da extinta Academia Riograndense de Letras e patrono da cadeira n° 24 na Academia Sul-Riograndense de Letras, o “Príncipe dos Poetas do Rio Grande do Sul” legou um nome de grande prestígio nos meios intelectuais do País. Referindo-se à poesia de Zeferino Brazil, João Pinto da Silva (, pág.
86) afirmou: “É um inspirado, um espontâneo, à maneira antiga, sem deixar de ser, ao mesmo tempo, um artista.” Incluindo-o em sua , Manuel Bandeira tirou-o do olvido. (Porto Grande, Munic. de Taquari, Est. do Rio Grande do Sul, 24 de Abril de 1870 — Porto Alegre, Est. do R. G. S., 3 de Outubro de 1942.)

BIBLIOGRAFIA: ; ; ; ; etc.



Atente-se na musicalidade dos versos. Expressiva a aliteração da línguo-dental t, em que entra a homorgânica d, de magnífico efeito. Aliás, a sequência de fonemas congêneres se faz em todo o soneto.


(Psicografia de Waldo Vieira)



Francisco Cândido Xavier


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