Assembléia de Luz
Versão para cópiaNorma da vida
Sinto-te o coração dorido em prece E perguntas, em pranto, alma querida e boa: — “Como guardar a fé, sem que a prova nos doa Nos recessos do ser? Uma norma de paz haverá sobre a Terra, Que consiga sanar as chagas da alma triste?” Sem pretensão, respondo que ela existe: — Trabalhar e esquecer. A própria Natureza é um livro aberto, Recorda o tronco antigo e a tempestade; Desçam raios do céu, a nuvem brade, Sob a crise da noite a estremecer, Ei-lo, porém, ereto e firme, aguentando a tormenta… Quebra-se-lhe quase toda a ramaria, Ele guarda, no entanto, as instruções da vida: — Trabalhar e esquecer. Vejo a terra humilhada na lavoura, Ferida e massacrada Ao peso do trator e entre golpes de enxada Tem nos vulcões rugindo o seu bravo gemer… Mas, mesmo assim, produz o pão do mundo, Injuriada e revolvida Atende a ordenação que recebe da vida: — Trabalhar e esquecer. O fio d’água que nasceu na serra, Pouco a pouco se fez amplo regato, Percorrendo quilômetros de mato, A correr e a correr… Dessedentando pombos e serpentes, Sofre a baba do lobo que o domina E segue para o mar, ante a norma divina: — Trabalhar e esquecer!… Assim também, alma querida e boa, Se carregas contigo farpas de amargura, Desencanto, tristeza, desventura, Chora, mas faze o bem — nosso alto dever… Quanto às pedras e empeços do caminho, Desengano e aflição, mágoa e mudança, Olvida!… E segue as vozes da esperança: — Trabalhar e esquecer!… |
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