Assembléia de Luz
Versão para cópiaCantoria do adolescente
Muito difícil expor Este assunto diferente; Mas os mentores insistem, Não posso ser renitente. Na Terra de hoje é grande A luta do adolescente. Há muitas acusações Em torno da petizada, Muitos lhe notam abusos No lar, na rua, na estrada, E eis que um nome se lhe atira: “Juventude transviada”. De fato, a muitos excessos A gente verde se lança, Mas não se pode arredar De nossa própria lembrança Que a puberdade revela O que colheu em criança. Antigamente se viam Meninas e rapazolas Depois do trabalho em casa, Entre petecas e bolas, Livros, cadernos e lousas, Lições, deveres, escolas. Aos sábados e domingos, Sempre na trilha dos pais, Tinham passeios no campo, Alguns folguedos a mais, Visitas às goiabeiras, Distrações nos laranjais. Entretanto, atualmente, Pelo “sim” ou pelo “não”, Em qualquer parte da Terra, É grande a transformação; Desde cedo, a criançada Está na televisão. Os pequeninos atentos, Seja na rua ou no lar, Registram quadros tremendos, Assuntos de arrepiar, Assaltos, crimes e furtos, E tocam a perguntar… Querem saber sobre sexo, Em todo e qualquer artigo; Muitos adultos se ausentam, Temendo entrar em perigo… Papai diz: “Não tenho tempo”. Diz mamãe: “Depois eu digo”. Os pais, coitados, nem contam As horas que o dia tem, Necessitam trabalhar No ritmo de vaivém, Precisam pagar colégio, Farmácia, gás, armazém… Os meninos vão à rua Para o que der e vier; Procuram experiência, Interpelando a qualquer; Cegonhas e carochinhas São casos que ninguém quer. Nos fatos mais escabrosos, A meninada se aguenta, A turma toda se gasta Na atividade violenta; Aos doze anos, já sabe O que aprendi nos quarenta. Eu sei que há milhões de jovens Honrando o próprio dever, Falo aqui, unicamente, Dos que só querem prazer E chegam aos vinte anos Pedindo para morrer. Esses verdes companheiros Sem controles e sem contas Parecem fazer da vida Uma vela acesa, às tontas, A consumir-se apressada No fogo de duas pontas. Qual a Terra de amanhã? Pergunto comigo a sós. Responda quem tenha vez E muito peito na voz; Só peço a Deus que nos guarde Com pena de todos nós. |
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