Assuntos da Vida e da Morte
Versão para cópia
Dejair Fernando Rosa
Bimba, como era carinhosamente chamado, morou em Votuporanga, interior paulista, até a adolescência. Aos 17 anos mudou-se para Goiás, onde concluiu o curso básico, ingressando na Faculdade de Economia, cursando-a até o terceiro ano.
Filho de Jerônimo Romualdo Rosa e D. Esmeralda Navarro Rosa, teve mais três irmãs: Aparecida Dorothi, Djanira e Dayse. Foi casado com D. Eliana Maria da Silva Rosa e tinha três filhos: Ludmila, Jerônimo Neto e Leonardo.
Na vida em si, era muito responsável, preocupado com o destino das pessoas, sobretudo os idosos. Extremamente caridoso, jamais negando auxílio a quem quer que fosse, conquistando simpatia e respeito de todos os que com ele conviveram.
DEPOIMENTO
Eis o que revela D. Esmeralda Navarro Rosa:
Quando recebi a notícia da desencarnação de meu filho, achei que não iria resistir pois, meu marido, quatro anos antes havia falecido, vítima de afogamento, e me apeguei muito a meu filho. Mas Deus é bom demais e me deu forças para continuar batalhando A Doutrina Espírita, que eu abracei, muito me ajudou. Depois da mensagem, ficamos tão felizes, que estamos aprendendo a viver novamente.
Toda a família fica desde já agradecida pela divulgação da mensagem de Dejair, esperando que permita nascer esperanças nos corações das pessoas que perderam algum ente querido.
ENSAGEM
Querida mamãe Esmeralda, peço que me abençoe nas orações a Deus, revigorando-me para a vida nova a que devo atender.
Ainda me sinto desambientado, inseguro. Deixar tudo o que mais amamos inesperadamente, qual se uma sentença inexplicável nos despejasse do corpo físico, é algo de indescritível, para quem, quanto eu, queria viver e seguir adiante, com a nossa Eliana e com os queridos filhinhos.
Estou certo de que foram os pensamentos da mamãe, nas preces, que moveram meu pai Jerônimo a trazer-me aqui para notícias. Posso dizer que estou empregando o melhor de mim mesmo para me adaptar.
Quero, com resolução e obediência aos desígnios de Deus, render-me à evidência, e aceitar os acontecimentos, tais quais são, no entanto, a família querida me perdoará se ainda choro. A morte do corpo é uma espécie de despojamento integral, que, de certa forma, nos compele à condição de criança, psicologicamente.
É por isso, mãezinha Esmeralda que, tantas vezes, desprendo-me do que sou para voltar a ser o seu filho necessitado de proteção e carinho, tanto quando na infância. Não sabemos o que seja segurança sem os pais queridos ou sem aqueles tutores da família ou da amizade que os substituam.
Pelo que consigo dizer, embora a minha intenção de não impressioná-los com lamúrias quaisquer, vocês entenderão quão difícil vai sendo para mim a renovação.
A princípio, tudo me pareceu alucinação e doença. Gastei muitos dias para admitir que o corpo habitual ficara na Terra e que me servia de veículo original que me moldava a casa frágil de recursos físicos que, na condição de Espírito, eu então habitava.
Se lhes posso rogar alguma providência em meu auxílio, estendam-me socorro adequado para que me veja ausente do quadro final, em que as forças da vida, certamente satisfazendo os imperativos das leis que nos governam, me subtraíram a faculdade de permanecer com vocês no Plano físico. Preciso refazer-me espiritualmente, compreendendo que tudo se define no mundo por empréstimo de Deus, em nosso favor.
Preciso entrar em semelhante conceituação e prossigo fora de órbita, acreditando na posse ilusória de tudo o que usufruí de modo a aprender que todos somos de Deus e que nos compete responder afirmativamente aos desígnios do Senhor.
Peço seja dito à nossa querida Eliana, a esposa querida, que continuo vivendo e que estou agradecido por todas as bênçãos que ela me proporciona, consagrando-se aos nosso filhos inesquecíveis. Rogo a ela não se admita sozinha ou abatida. Deus não nos abandona; Ludmila, Jerônimo, Rosa e Leonardo formam a nossa constelação de carinho que o céu abençoa. Dias melhores surgirão.
Mãezinha Esmeralda, peço ao seu coração querido, ao nosso caro Jerônimo Neto e a todos os nossos, para que em nós todos renasçam apenas os nossos votos de gratidão a Deus por havermos recebido a felicidade da existência, juntos uns dos outros, para que o nosso amor crescesse a ponto de produzir esta saudade imensa que hoje significa em meu espírito um precioso incentivo ao trabalho, a começar de minha própria recuperação. Estamos unidos. Confiemos.
Tenho aqui muitos amigos que auxiliam na transição em que me reconheço, mas, por enquanto, me identifico mais facilmente com o papai Jerônimo que me aguardava com o amor que lhe conhecemos.
Espero que prossigam a me lembrarem nas preces habituais, porquanto, agora observo que orações em nosso beneficio são alavancas invisíveis de apoio, impelindo-nos à sustentação que devemos assegurar por nós mesmos.
Não posso escrever mais, desculpem-me. Acontece que a minha parcela de tempo esgotou-se, mas igualmente se foram as minhas reservas emocionais para prosseguir escrevendo e conversando…
Querida mamãe, com Eliana e nossas queridas crianças, com o nosso caro Jerônimo e com todos os nossos, receba todo o amor e todo o reconhecimento de seu filho.
17.10.1980
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