Augusto Vive
Versão para cópiaEntre amigos
Cara, você já fechou a rosca sobre o assunto e pede pala quanto ao que fez. Não sei se você é um amigão genial ou um geraldino de cuca na brasa.
Diz você que já largou casa e pessoal de parentesco para ficar livre de tudo. Desligado, ignorando tempo e sabão. E mesmo assim você alastra a sua milonga pra cima do primo pobre que sou eu, procurando saber se agiu bem.
Explica você que isso é protesto. Protesto contra costumes e prensas, disciplinas e rebanhos.
Você notou que obedecer não é mole e partiu pra independência. Se merece palmas ou reprimendas, não sei. Entretanto, creia que não consigo morar em sua jogada.
Você diz que o mundo está sujo e vive dismilinguido de banho; que deseja fazer unicamente o que quer e está gamado pela erva mágica; que detesta o freio dos pais e caminha preso à boca quente; que não aceita o conta-vida pra trabalho e respira na broca.
De uma coisa estou certo: você não vai amarrar o burro na sombra. Da diamba, você talvez se transfira pra birita; da água que gato não bebe poderá sair pra boca fácil e na boca fácil você será colunizado pra comer uma cana dura.
Pense, meu chapa, e faça balão de retorno. Ninguém consegue liberdade com vida consciente, de um momento para outro.
Esse negócio de existir no sereno, protestando contra o mundo é cascata. Não se entorte, nem entre em fria. Assim como nascemos aí na Terra, um dia todos voltamos pra cá. E quem se estrepa no mundo, chega por aqui estrumbicado.
Mude o seu plá e parta pra outra. Maré mansa já era. E quem ao trabalho não se aplica, se espinica.
Se você não capiscou, até breve. O tempo não dá pra espinafração. Por isto mesmo, já vou tarde e falei.
.: Para melhor compreensão de algumas expressões utilizadas pelo autor espiritual vide .
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