Augusto Vive

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Capítulo II

Fossa


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Chapa, você é um amigo sesquipedal. Escreve pra gente, pedindo palas contra a fossa e dando a ideia de que anda invocado numa barca furada, filando boia no vizinho.

Fiquei tão baratinado ao receber a sua milonga que fui à sua toca. Creia, que não fiz isso pra flagório porque não tenho a vocação de dedar seja a quem for. Julguei me fosse possível descascar algum abacaxi ou quebrar algum galho em seu benefício. Mas encontrei você amarrando o burro na sombra e de braços largados na finestra, olhando as máquinas que incrementavam a rua.

Quem lesse o seu papo haveria de supor que você estivesse precisando de algum girau, mas a verdade é que você está com os tubos: vida mansa, capim mimoso, nota alta, pastilhas empilhadas e leite de onça para esquentar a cuca.

Concluí, de imediato, que você, à maneira de tantos outros amizades que possuem boas pernas pra jambrar e mãos firmes para o trabalho, está morando numa fossa dourada. E, por sua carranca, notei que você está sofrendo o frio da paquera. Você se entortou com uma garota pinta-brava e ficou abilolado no pifão.

Saia dessa avenida e volte ao seu pesqueiro. Fique na sua de agir sem pirandelar. Esse negócio de namoro e festinha, vão uns e vêm outros. Quem perde água pelos poros, carregando obrigações, pode lavar o coração todos os dias.

Não se iluda. Essa história de fossa com a possibilidade de ser útil é um meio da pessoa se embananar. Recorde aqueles companheiros que estão seguindo pra frente com a cara e a coragem. Para muitos deles um pedaço de pão é uma joia na boca.

Você diz que reza muito. Pois olhe: não faça hora com Jesus, porque, conforme dizem por aqui, o Amigão Jesus Cristo tem hora marcada com quem vive construindo o bem nas pedreiras da vida.

Acredite que a sua fossa é cascata. E tristeza parada não dá camisa a ninguém. Coloque você mesmo pra jambrar no dever que a vida nos traça e não terá bulhufas de tempo, a fim de remoer gamações perdidas.

É isso aí. Trabalhar no bem para os outros é o melhor processo de esquecer a carga de nós mesmos.

Esteja certo de que não estou bronqueando. É só uma resposta e fim de papo.




.: Para melhor compreensão de algumas expressões utilizadas pelo autor espiritual vide .



Augusto Cezar
Francisco Cândido Xavier


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