Augusto Vive

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Capítulo XVII

Retrato


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Companheiro, você pergunta se acaso conheço na 5ida Espiritual algum modelo de homem moço, cujo comportamento nos sirva de padrão para a vida.

Pessoalmente posso dar notícia de muitos, entretanto, por sugestão de mentores e amigos, lembro-me de um deles que preenche todos os requisitos: generoso e forte, valente e sensível, lúcido e inconformado.

Claro que não o conheço em pessoa, mas ouço dizer que ele não teve nascimento fidalgo. Aliás, os pais que o trouxeram ao mundo eram gente simples, sem fortuna ou brasão.

Menino ainda, cresceu aprendendo a ler com a própria mãe que fiava na roca, enquanto lhe mostrava o sentido das letras.

Brincava com outras crianças, mas revelava inteligência tamanha que chegava a questionar com os adultos sobre os mais elevados assuntos do espírito.

Não era, porém, um adolescente voluntarioso ou desocupado. Compreendia os encargos do pai na marcenaria singela e trabalhava com ele, desempenhando as funções de eficiente cooperador.

Via amigos embriagados ou entretidos em maus costumes, e no entanto trazia o pensamento voltado para o socorro aos irmãos ignorantes e necessitados do mundo.

Apreciava os exercícios físicos, entregando-se as longas jornadas a pé e estimava seguir o serviço estafante de pescadores, entre os quais conquistou amigos diletos.

Observou as dificuldades e incompreensões do povo em que nascera e, por amor, abraçou a tarefa de auxiliá-lo. Sentia os ímpetos da renovação que lhe afogavam o peito, no entanto, o devotamento aos valores humanos era nele tão grande que nunca abrigou a intenção de ferir a ninguém.

Dialogando com os homens simples que lhe davam ouvidos, sempre desaconselhou a violência e converteu-se, em professor gratuito da vida comunitária.

Reconhecia a importância de cada criatura e, por isso, os doentes e os marginalizados, os idosos e as crianças, constituíam o segmento mais importante de seu público.

Mostrava perfeita confiança em Deus, e, pela fé, aliviava ou curava os enfermos que se lhe faziam acompanhantes.

Ensinava que o amor deve unir em paz todos os homens.

Traçava caminhos de libertação espiritual para as criaturas, sem apelar para sacrifícios. Pedia aos concidadãos unicamente compreensão e paciência, tolerância e humildade de uns para com os outros.

Amava a natureza com tanto enternecimento que baseou profundas lições numa semente de mostarda e nos lírios do campo. Lançou a maior plataforma de suas ideias no cimo de um monte a céu aberto, reunindo grande multidão de cegos e aleijados, homens tristes e mulheres sofredoras.

Nunca promoveu conflitos entre as classes, semelhantes aos protestos ameaçadores da atualidade, mas foi um modelo de firmeza na exemplificação de seus princípios.

Divulgou o bem sem atirar pessoa alguma ao desequilíbrio. E porque mostrasse vigorosa coragem na devoção com que defendia a paz e o bem, foi visado por autoridades de sua época, à feição de revolucionário e malfeitor.

Foi preso e torturado sem culpa. Porque amasse sem esperar qualquer recompensa, confiou-se à suprema renúncia e, ainda jovem, com apenas trinta e três primaveras, foi assassinado sem defesa, num lenho de escárnio.

Até o sacrifício dele, aceitando a morte sem resistência, ninguém sofreu por suas ideias, mas o seu exemplo acendeu tamanha luz que até hoje milhões de pessoas buscam-no sem vacilar perante qualquer tipo de sofrimento.

Creio que você conhece a existência desse homem maravilhoso, tanto quanto eu mesmo, porque qualquer pessoa na Terra, nestes vinte séculos últimos, sabe, desde a infância, que ele se chama Jesus Cristo.




Augusto Cezar
Francisco Cândido Xavier


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