Augusto Vive

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Capítulo I

Entre amigos


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Cara, você já fechou a rosca sobre o assunto e pede pala quanto ao que fez. Não sei se você é um amigão genial ou um geraldino de cuca na brasa.

Diz você que já largou casa e pessoal de parentesco para ficar livre de tudo. Desligado, ignorando tempo e sabão. E mesmo assim você alastra a sua milonga pra cima do primo pobre que sou eu, procurando saber se agiu bem.

Explica você que isso é protesto. Protesto contra costumes e prensas, disciplinas e rebanhos.

Você notou que obedecer não é mole e partiu pra independência. Se merece palmas ou reprimendas, não sei. Entretanto, creia que não consigo morar em sua jogada.

Você diz que o mundo está sujo e vive dismilinguido de banho; que deseja fazer unicamente o que quer e está gamado pela erva mágica; que detesta o freio dos pais e caminha preso à boca quente; que não aceita o conta-vida pra trabalho e respira na broca.

De uma coisa estou certo: você não vai amarrar o burro na sombra. Da diamba, você talvez se transfira pra birita; da água que gato não bebe poderá sair pra boca fácil e na boca fácil você será colunizado pra comer uma cana dura.

Pense, meu chapa, e faça balão de retorno. Ninguém consegue liberdade com vida consciente, de um momento para outro.

Esse negócio de existir no sereno, protestando contra o mundo é cascata. Não se entorte, nem entre em fria. Assim como nascemos aí na Terra, um dia todos voltamos pra cá. E quem se estrepa no mundo, chega por aqui estrumbicado.

Mude o seu plá e parta pra outra. Maré mansa já era. E quem ao trabalho não se aplica, se espinica.

Se você não capiscou, até breve. O tempo não dá pra espinafração. Por isto mesmo, já vou tarde e falei.




.: Para melhor compreensão de algumas expressões utilizadas pelo autor espiritual vide .



Augusto Cezar
Francisco Cândido Xavier


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