A Gênese
Versão para cópiaCAPÍTULO X
Gênese Orgânica [1]
Formação primeira dos seres vivos
• Item 1 •
• Item 1 •
Houve um tempo em que não existiam animais; logo, eles tiveram começo. Cada espécie foi aparecendo à medida que o globo adquiria as condições à sua existência. Isto é positivo. Como se formaram os primeiros indivíduos de cada espécie? Compreende-se que, existindo um primeiro casal, os indivíduos se tenham multiplicado. Mas de onde saiu esse primeiro casal? É um desses mistérios que dizem respeito ao princípio das coisas e sobre os quais apenas se podem formular hipóteses. Se a Ciência ainda não é capaz de resolver completamente o problema, pode, ao menos, encaminhá-lo para a solução.
Formação primeira dos seres vivos
• Item 2 •
• Item 2 •
A primeira questão que se apresenta é esta: Cada espécie animal saiu de um casal primitivo ou de vários casais criados, ou, se o preferirem, germinados simultaneamente em diversos lugares? Esta última suposição é a mais provável, e pode-se mesmo dizer que ressalta da observação. Com efeito, o estudo das camadas geológicas atesta a presença, em terrenos de idêntica formação, e em proporções enormes, das mesmas espécies em pontos do globo muito afastados uns dos outros. Essa multiplicação tão generalizada e, de certo modo, contemporânea, teria sido impossível com um único tipo primitivo.
Por outro lado, a vida de um indivíduo, sobretudo de um indivíduo nascente, está sujeita a tantas vicissitudes que toda uma criação poderia ficar comprometida, sem a pluralidade dos tipos, o que implicaria uma imprevidência inadmissível por parte do Criador supremo. Aliás, se num ponto um tipo pôde formar-se, em muitos outros pontos ele se poderia formar igualmente, por efeito da mesma causa.
Tudo, pois, concorre para provar que houve criação simultânea e múltipla dos primeiros casais de cada espécie animal e vegetal.
Por outro lado, a vida de um indivíduo, sobretudo de um indivíduo nascente, está sujeita a tantas vicissitudes que toda uma criação poderia ficar comprometida, sem a pluralidade dos tipos, o que implicaria uma imprevidência inadmissível por parte do Criador supremo. Aliás, se num ponto um tipo pôde formar-se, em muitos outros pontos ele se poderia formar igualmente, por efeito da mesma causa.
Tudo, pois, concorre para provar que houve criação simultânea e múltipla dos primeiros casais de cada espécie animal e vegetal.
Formação primeira dos seres vivos
• Item 3 •
• Item 3 •
A formação dos primeiros seres vivos pode deduzir-se, por analogia, da mesma lei em virtude da qual se formaram e formam todos os dias os corpos inorgânicos. À medida que se aprofunda o estudo das Leis da Natureza, as engrenagens que, à primeira vista, pareciam tão complicadas se vão simplificando e confundindo na grande lei de unidade que preside a toda a obra da Criação. Isso se entenderá melhor quando estiver compreendida a formação dos corpos inorgânicos, que é o seu degrau primário.
Formação primeira dos seres vivos
• Item 4 •
• Item 4 •
A Química considera elementares certo número de substâncias, tais como o oxigênio, o hidrogênio, o azoto, o carbono, o cloro, o iodo, o flúor, o enxofre, o fósforo e todos os metais. Ao se combinarem, eles formam os corpos compostos: os óxidos, os ácidos, os álcalis, os sais e as inúmeras variedades que resultam da combinação destes.
A combinação de dois corpos para formar um terceiro exige especial concurso de circunstâncias, seja um determinado grau de calor, de sequidão ou de umidade, seja o movimento ou o repouso, seja uma corrente elétrica etc. Se essas condições não existirem, a combinação não se verificará.
A combinação de dois corpos para formar um terceiro exige especial concurso de circunstâncias, seja um determinado grau de calor, de sequidão ou de umidade, seja o movimento ou o repouso, seja uma corrente elétrica etc. Se essas condições não existirem, a combinação não se verificará.
Formação primeira dos seres vivos
• Item 5 •
• Item 5 •
Quando há combinação, os corpos componentes perdem suas propriedades características, enquanto o composto que deles resulta adquire outras, diferentes das primeiras. É assim, por exemplo, que o oxigênio e o hidrogênio, que são dois gases invisíveis, quimicamente combinados formam a água, que é líquida, sólida ou vaporosa, conforme a temperatura. Na água não existe mais, a bem dizer, nem oxigênio, nem hidrogênio, mas um corpo novo. Decomposta essa água, os dois gases, tornados livres, recobram suas propriedades, não havendo mais água. A mesma quantidade de água pode ser assim, alternativamente, decomposta e recomposta ao infinito.
Formação primeira dos seres vivos
• Item 6 •
• Item 6 •
A composição e a decomposição dos corpos se operam em virtude do grau de afinidade que os princípios elementares guardam entre si. A formação da água, por exemplo, resulta da afinidade recíproca que existe entre o oxigênio e o hidrogênio; mas, se se puser em contato com a água um corpo que tenha com o oxigênio mais afinidade do que a que este tem com o hidrogênio, a água se decompõe; o oxigênio é absorvido, o hidrogênio torna-se livre e já não haverá água.
Formação primeira dos seres vivos
• Item 7 •
• Item 7 •
Os corpos compostos se formam sempre em proporções definidas, isto é, pela combinação de uma quantidade determinada de princípios constituintes. Assim, para formar a água, são necessárias uma parte de oxigênio e duas de hidrogênio. Se duas partes de oxigênio forem combinadas com duas de hidrogênio, em vez de água teremos o dióxido de hidrogênio, líquido corrosivo, formado, no entanto, dos mesmos elementos que entram na composição da água, mas em outra proporção.
Formação primeira dos seres vivos
• Item 8 •
• Item 8 •
Tal é, em poucas palavras, a lei que preside à formação de todos os corpos da Natureza. A inumerável variedade desses corpos resulta de pequeníssimo número de princípios elementares combinados em proporções diferentes.
Assim, o oxigênio, combinado em certas proporções com o carbono, o enxofre, o fósforo, forma os ácidos carbônico, sulfúrico, fosfórico; o oxigênio e o ferro formam o óxido de ferro ou ferrugem; o oxigênio e o chumbo, ambos inofensivos, dão origem aos óxidos de chumbo, tais como o litargírio, o alvaiade, o mínio, que são venenosos. O oxigênio, com os metais chamados cálcio, sódio, potássio, forma a cal, a soda, a potassa. A cal, unida ao ácido carbônico, forma os carbonatos de cal ou pedras calcárias, tais como o mármore, a cré, a pedra de construção, as estalactites das grutas; unida ao ácido sulfúrico, forma o sulfato de cal ou gesso e o alabastro; ao ácido fosfórico, forma o fosfato de cal, base sólida dos ossos; o cloro e o hidrogênio formam o ácido clorídrico ou hidroclórico; o cloro e o sódio formam o cloreto de sódio ou sal marinho.
Assim, o oxigênio, combinado em certas proporções com o carbono, o enxofre, o fósforo, forma os ácidos carbônico, sulfúrico, fosfórico; o oxigênio e o ferro formam o óxido de ferro ou ferrugem; o oxigênio e o chumbo, ambos inofensivos, dão origem aos óxidos de chumbo, tais como o litargírio, o alvaiade, o mínio, que são venenosos. O oxigênio, com os metais chamados cálcio, sódio, potássio, forma a cal, a soda, a potassa. A cal, unida ao ácido carbônico, forma os carbonatos de cal ou pedras calcárias, tais como o mármore, a cré, a pedra de construção, as estalactites das grutas; unida ao ácido sulfúrico, forma o sulfato de cal ou gesso e o alabastro; ao ácido fosfórico, forma o fosfato de cal, base sólida dos ossos; o cloro e o hidrogênio formam o ácido clorídrico ou hidroclórico; o cloro e o sódio formam o cloreto de sódio ou sal marinho.
Formação primeira dos seres vivos
• Item 9 •
• Item 9 •
Todas essas combinações e milhares de outras se obtêm artificialmente, em pequena escala, nos laboratórios de química; elas se operam espontaneamente e em grande escala no grande laboratório da Natureza.
Em sua origem, a Terra não continha essas matérias em combinação, mas apenas os seus princípios constituintes volatilizados. Quando as terras calcárias e outras, tornadas pedrosas com o tempo, se depositaram na sua superfície, aquelas matérias não existiam inteiramente formadas; porém, se encontravam no ar, em estado gasoso, todas as substâncias primitivas. Precipitadas por efeito do resfriamento, essas substâncias, sob o império de circunstâncias favoráveis, se combinaram, segundo o grau de suas afinidades moleculares. Foi então que se formaram as diversas variedades de carbonatos, de sulfatos etc., a princípio em dissolução nas águas, depois na superfície do solo.
Suponhamos que, por uma causa qualquer, a Terra voltasse ao estado primitivo de incandescência, tudo se decomporia; os elementos se separariam; todas as substâncias fusíveis se fundiriam; todas as que são volatilizáveis, se volatilizariam. Depois, outro resfriamento determinaria nova precipitação e de novo se formariam as antigas combinações.
Em sua origem, a Terra não continha essas matérias em combinação, mas apenas os seus princípios constituintes volatilizados. Quando as terras calcárias e outras, tornadas pedrosas com o tempo, se depositaram na sua superfície, aquelas matérias não existiam inteiramente formadas; porém, se encontravam no ar, em estado gasoso, todas as substâncias primitivas. Precipitadas por efeito do resfriamento, essas substâncias, sob o império de circunstâncias favoráveis, se combinaram, segundo o grau de suas afinidades moleculares. Foi então que se formaram as diversas variedades de carbonatos, de sulfatos etc., a princípio em dissolução nas águas, depois na superfície do solo.
Suponhamos que, por uma causa qualquer, a Terra voltasse ao estado primitivo de incandescência, tudo se decomporia; os elementos se separariam; todas as substâncias fusíveis se fundiriam; todas as que são volatilizáveis, se volatilizariam. Depois, outro resfriamento determinaria nova precipitação e de novo se formariam as antigas combinações.
Formação primeira dos seres vivos
• Item 10 •
• Item 10 •
Estas considerações provam quanto a Química era necessária para a compreensão da Gênese. Antes de se conhecerem as leis da afinidade molecular, era impossível compreender-se a formação da Terra. Esta ciência lançou grande luz sobre a questão, como o fizeram a Astronomia e a Geologia, sob outros pontos de vista.
Formação primeira dos seres vivos
• Item 11 •
• Item 11 •
Na formação dos corpos sólidos, um dos mais notáveis fenômenos é o da cristalização, que consiste na forma regular que assumem certas substâncias, ao passarem do estado líquido ou gasoso para o estado sólido. Essa forma, que varia de acordo com a natureza da substância, é geralmente a de sólidos geométricos, tais como o prisma, o romboide, o cubo, a pirâmide. Todos conhecem os cristais de açúcar cândi; os cristais de rocha, ou sílica cristalizada, são prismas de seis faces que terminam em pirâmide igualmente hexagonal. O diamante é carbono puro, ou carvão cristalizado. Os desenhos que no inverno se produzem sobre as vidraças são devidos à cristalização do vapor d’água durante a congelação, sob a forma de agulhas prismáticas.
A disposição regular dos cristais corresponde à forma particular das moléculas de cada corpo. Essas partículas, infinitamente pequenas para nós, mas que não deixam por isso de ocupar um certo espaço, solicitadas umas para as outras pela atração molecular, se arrumam e se justapõem segundo o exigem suas formas, de modo a tomar cada uma o seu lugar em torno do núcleo ou primeiro centro de atração e a constituir um conjunto simétrico.
A cristalização só se opera em certas circunstâncias favoráveis, fora das quais ela não pode dar-se. O grau da temperatura e o repouso absoluto são condições essenciais. Compreende-se que um calor muito forte, mantendo afastadas as moléculas, não lhes permitiria que se condensassem, e que a agitação, impossibilitando-lhes um arranjo simétrico, não lhes deixaria formar senão uma massa confusa e irregular e, portanto, nada de cristalização propriamente dita.
A disposição regular dos cristais corresponde à forma particular das moléculas de cada corpo. Essas partículas, infinitamente pequenas para nós, mas que não deixam por isso de ocupar um certo espaço, solicitadas umas para as outras pela atração molecular, se arrumam e se justapõem segundo o exigem suas formas, de modo a tomar cada uma o seu lugar em torno do núcleo ou primeiro centro de atração e a constituir um conjunto simétrico.
A cristalização só se opera em certas circunstâncias favoráveis, fora das quais ela não pode dar-se. O grau da temperatura e o repouso absoluto são condições essenciais. Compreende-se que um calor muito forte, mantendo afastadas as moléculas, não lhes permitiria que se condensassem, e que a agitação, impossibilitando-lhes um arranjo simétrico, não lhes deixaria formar senão uma massa confusa e irregular e, portanto, nada de cristalização propriamente dita.
Formação primeira dos seres vivos
• Item 12 •
• Item 12 •
A lei que preside à formação dos minerais conduz naturalmente à formação dos corpos orgânicos. A análise química mostra que todas as substâncias vegetais e animais são compostas dos mesmos elementos que os corpos inorgânicos. Desses elementos, os que desempenham papel mais importante são o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono. Os outros entram acessoriamente. Como no reino mineral, a diferença de proporções na combinação desses elementos produz todas as variedades de substâncias orgânicas e suas diversas propriedades, tais como: os músculos, os ossos, o sangue, a bílis, os nervos, a matéria cerebral, a gordura, nos animais; a seiva, o lenho, as folhas, os frutos, as essências, os óleos, as resinas etc., nos vegetais. Assim, na formação dos animais e das plantas, não entra nenhum corpo especial que também não se encontre no reino mineral. [2]
Formação primeira dos seres vivos
• Item 13 •
• Item 13 •
Alguns exemplos comuns darão a compreender as transformações que se operam no reino orgânico, pela só modificação dos elementos constitutivos.
No suco de uva não há vinho, nem álcool, mas simplesmente água e açúcar. Quando o suco fica maduro e são propícias as condições, produz-se nele um trabalho íntimo a que se dá o nome de fermentação. Por esse trabalho, uma parte do açúcar se decompõe; o oxigênio, o hidrogênio e o carbono se separam e se combinam nas proporções necessárias a produzir o álcool, de sorte que, ao se beber suco de uva, não se bebe realmente álcool, pois que este ainda não existe. Ele se forma das partes constituintes da água e do açúcar, sem que haja, em suma, uma molécula a mais ou a menos.
No pão e nos legumes que se comem, não há certamente carne, nem sangue, nem osso, nem bílis, nem matéria cerebral; entretanto, esses mesmos alimentos, decompondo-se e se recompondo pelo trabalho da digestão, produzem aquelas diferentes substâncias tão só pela transmutação de seus elementos constitutivos.
Na semente de uma árvore, tampouco há madeiras, folhas, flores, frutos e seria erro pueril acreditar-se que a árvore inteira, sob forma microscópica, ali se encontra. Quase não há, sequer, na semente, oxigênio, hidrogênio e carbono na quantidade necessária para formar uma folha de árvore. A semente contém um gérmen que desabrocha quando encontra condições favoráveis. Esse gérmen se desenvolve em virtude dos sucos que haure da terra e dos gases que aspira do ar. Tais sucos, que não são lenho, nem folhas, nem flores, nem frutos, ao se infiltrarem na planta, formam-lhe a seiva, como nos animais formam o sangue. Levada pela circulação a todas as partes do vegetal, a seiva, conforme o órgão a que vai ter e onde sofre uma elaboração especial, se transforma em lenho, folhas, frutos, como o sangue se transforma em carne, ossos, bílis etc. Contudo, são sempre os mesmos elementos: oxigênio, hidrogênio, azoto e carbono, diversamente combinados.
No suco de uva não há vinho, nem álcool, mas simplesmente água e açúcar. Quando o suco fica maduro e são propícias as condições, produz-se nele um trabalho íntimo a que se dá o nome de fermentação. Por esse trabalho, uma parte do açúcar se decompõe; o oxigênio, o hidrogênio e o carbono se separam e se combinam nas proporções necessárias a produzir o álcool, de sorte que, ao se beber suco de uva, não se bebe realmente álcool, pois que este ainda não existe. Ele se forma das partes constituintes da água e do açúcar, sem que haja, em suma, uma molécula a mais ou a menos.
No pão e nos legumes que se comem, não há certamente carne, nem sangue, nem osso, nem bílis, nem matéria cerebral; entretanto, esses mesmos alimentos, decompondo-se e se recompondo pelo trabalho da digestão, produzem aquelas diferentes substâncias tão só pela transmutação de seus elementos constitutivos.
Na semente de uma árvore, tampouco há madeiras, folhas, flores, frutos e seria erro pueril acreditar-se que a árvore inteira, sob forma microscópica, ali se encontra. Quase não há, sequer, na semente, oxigênio, hidrogênio e carbono na quantidade necessária para formar uma folha de árvore. A semente contém um gérmen que desabrocha quando encontra condições favoráveis. Esse gérmen se desenvolve em virtude dos sucos que haure da terra e dos gases que aspira do ar. Tais sucos, que não são lenho, nem folhas, nem flores, nem frutos, ao se infiltrarem na planta, formam-lhe a seiva, como nos animais formam o sangue. Levada pela circulação a todas as partes do vegetal, a seiva, conforme o órgão a que vai ter e onde sofre uma elaboração especial, se transforma em lenho, folhas, frutos, como o sangue se transforma em carne, ossos, bílis etc. Contudo, são sempre os mesmos elementos: oxigênio, hidrogênio, azoto e carbono, diversamente combinados.
Formação primeira dos seres vivos
• Item 14 •
• Item 14 •
As diferentes combinações dos elementos, para a formação das substâncias minerais, vegetais e animais, não podem, pois, operar-se, a não ser nos meios e em circunstâncias propícias; fora dessas circunstâncias, os princípios elementares estão numa forma de inércia. Mas, desde que as circunstâncias se tornam favoráveis, começa um trabalho de elaboração; as moléculas entram em movimento, agitam-se, atraem-se, aproximam-se e se separam em virtude da lei das afinidades e, por suas múltiplas combinações, compõem a infinita variedade das substâncias. Se essas condições desaparecerem, o trabalho cessa subitamente, para recomeçar quando elas de novo se apresentarem. É assim que a vegetação se ativa, enfraquece, para e prossegue, sob a ação do calor, da luz, da umidade, do frio ou da seca; que esta planta prospera, num clima ou num terreno, e se estiola ou perece em outros.
Formação primeira dos seres vivos
• Item 15 •
• Item 15 •
O que se passa diariamente sob os nossos olhos pode colocar-nos na pista do que se passou na origem dos tempos, visto que as Leis da Natureza são invariáveis.
Uma vez que os elementos constitutivos dos seres orgânicos e inorgânicos são os mesmos; que os vemos incessantemente, em dadas circunstâncias, a formar pedras, plantas e frutos, podemos concluir daí que os corpos dos primeiros seres vivos se formaram, como as primeiras pedras, pela reunião das moléculas elementares, em virtude da lei de afinidade, à medida que as condições da vitalidade do globo foram propícias a esta ou àquela espécie.
A semelhança de forma e de cores, na reprodução dos indivíduos de cada espécie, pode comparar-se à semelhança de forma de cada espécie de cristal. Ao se justaporem sob a ação da mesma lei, as moléculas produzem conjunto análogo.
Uma vez que os elementos constitutivos dos seres orgânicos e inorgânicos são os mesmos; que os vemos incessantemente, em dadas circunstâncias, a formar pedras, plantas e frutos, podemos concluir daí que os corpos dos primeiros seres vivos se formaram, como as primeiras pedras, pela reunião das moléculas elementares, em virtude da lei de afinidade, à medida que as condições da vitalidade do globo foram propícias a esta ou àquela espécie.
A semelhança de forma e de cores, na reprodução dos indivíduos de cada espécie, pode comparar-se à semelhança de forma de cada espécie de cristal. Ao se justaporem sob a ação da mesma lei, as moléculas produzem conjunto análogo.
Princípio vital
• Item 16 •
• Item 16 •
Dizendo que as plantas e os animais são formados dos mesmos princípios constituintes dos minerais, falamos em sentido exclusivamente material, pois que aqui só se trata do corpo. Sem falar do princípio inteligente, que é uma questão à parte, há na matéria orgânica um princípio especial, inapreensível, e que ainda não pode ser definido: o princípio vital. Ativo no ser vivo, esse princípio se acha extinto no ser morto; mas nem por isso deixa de dar à substância propriedades características que a distinguem das substâncias inorgânicas. A Química, que decompõe e recompõe a maior parte dos corpos inorgânicos, também conseguiu decompor os corpos orgânicos, porém, jamais chegou a reconstituir sequer uma folha morta, prova evidente de que há nos seres orgânicos alguma coisa que não existe nos inorgânicos.
Princípio vital
• Item 17 •
• Item 17 •
Será o princípio vital algo distinto que tenha existência própria? Ou, integrado no sistema da unidade do elemento gerador, não passa de um estado particular, uma das modificações do fluido cósmico universal, pela qual este se torne princípio de vida, como se torna luz, fogo, calor, eletricidade? É neste último sentido que as comunicações acima reproduzidas resolvem a questão. (Cap. VI, “Uranografia geral”.)
Mas seja qual for a opinião que se tenha sobre a natureza do princípio vital, o certo é que ele existe, pois que se apreciam os seus efeitos. Pode-se, portanto, logicamente, admitir que, ao se formarem, os seres orgânicos assimilaram o princípio vital, por ser necessário à destinação deles; ou, se o preferirem, que esse princípio se desenvolveu, por efeito mesmo da combinação dos elementos, tal como se desenvolvem, em certas circunstâncias, o calor, a luz e a eletricidade.
Mas seja qual for a opinião que se tenha sobre a natureza do princípio vital, o certo é que ele existe, pois que se apreciam os seus efeitos. Pode-se, portanto, logicamente, admitir que, ao se formarem, os seres orgânicos assimilaram o princípio vital, por ser necessário à destinação deles; ou, se o preferirem, que esse princípio se desenvolveu, por efeito mesmo da combinação dos elementos, tal como se desenvolvem, em certas circunstâncias, o calor, a luz e a eletricidade.
Princípio vital
• Item 18 •
• Item 18 •
Combinando-se sem o princípio vital, o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono só teriam formado um mineral ou corpo inorgânico; o princípio vital, modificando a constituição molecular desse corpo, dá-lhe propriedades especiais. Em lugar de uma molécula mineral, tem-se uma molécula de matéria orgânica.
A atividade do princípio vital é alimentada durante a vida pela ação do funcionamento dos órgãos, do mesmo modo que o calor, pelo movimento de rotação de uma roda. Cessada aquela ação, por motivo da morte, o princípio vital se extingue, como o calor, quando a roda deixa de girar. Mas o efeito produzido sobre o estado molecular do corpo pelo princípio vital subsiste após a extinção desse princípio, como a carbonização da madeira persiste após a extinção do calor. Na análise dos corpos orgânicos, a Química encontra os elementos que os constituem: oxigênio, hidrogênio, azoto e carbono, mas é incapaz de reconstituir aqueles corpos, porque, já não existindo a causa, não lhe é possível reproduzir o efeito, ao passo que pode reconstituir uma pedra.
A atividade do princípio vital é alimentada durante a vida pela ação do funcionamento dos órgãos, do mesmo modo que o calor, pelo movimento de rotação de uma roda. Cessada aquela ação, por motivo da morte, o princípio vital se extingue, como o calor, quando a roda deixa de girar. Mas o efeito produzido sobre o estado molecular do corpo pelo princípio vital subsiste após a extinção desse princípio, como a carbonização da madeira persiste após a extinção do calor. Na análise dos corpos orgânicos, a Química encontra os elementos que os constituem: oxigênio, hidrogênio, azoto e carbono, mas é incapaz de reconstituir aqueles corpos, porque, já não existindo a causa, não lhe é possível reproduzir o efeito, ao passo que pode reconstituir uma pedra.
Princípio vital
• Item 19 •
• Item 19 •
Tomamos para termo de comparação o calor que se desenvolve pelo movimento de uma roda, por ser um efeito vulgar, que todo mundo conhece e é mais fácil de se compreender. Contudo, teríamos sido mais exato se houvéssemos dito que, na combinação dos elementos para formarem os corpos orgânicos, desenvolve-se a eletricidade. Os corpos orgânicos seriam, então, verdadeiras pilhas elétricas, que funcionam enquanto os elementos dessas pilhas se acham em condições de produzir eletricidade: é a vida; que deixam de funcionar quando tais condições desaparecem: é a morte. Segundo essa maneira de ver, o princípio vital não seria mais que uma espécie particular de eletricidade, denominada eletricidade animal, que durante a vida se desprende pela ação dos órgãos e cuja produção cessa por ocasião da morte, por se extinguir tal ação.
Geração espontânea [3]
• Item 20 •
• Item 20 •
É natural perguntar-se por que já não se formam seres vivos nas mesmas condições em que se formaram os primeiros que surgiram na Terra.
A questão da geração espontânea, que tanto preocupa a Ciência, embora ainda esteja diversamente resolvida, não pode deixar de lançar luz sobre esse ponto. O problema proposto é este: formam-se atualmente seres orgânicos pela simples reunião dos seres que os constituem, sem germens previamente produzidos pelo modo habitual de geração, ou, por outra, sem pais nem mães.
?s partidários da geração espontânea respondem afirmativamente, apoiando-se em observações diretas que parecem concludentes. Pensam outros que todos os seres vivos se reproduzem uns pelos outros, firmados sobre o fato, que a experiência comprova, de que os germens de certas espécies vegetais e animais, mesmo dispersos, conservam latente vitalidade durante um tempo considerável, até que as circunstâncias lhes favoreçam a eclosão. Esta maneira de entender deixa sempre em aberto a questão da formação dos primeiros tipos de cada espécie.
A questão da geração espontânea, que tanto preocupa a Ciência, embora ainda esteja diversamente resolvida, não pode deixar de lançar luz sobre esse ponto. O problema proposto é este: formam-se atualmente seres orgânicos pela simples reunião dos seres que os constituem, sem germens previamente produzidos pelo modo habitual de geração, ou, por outra, sem pais nem mães.
?s partidários da geração espontânea respondem afirmativamente, apoiando-se em observações diretas que parecem concludentes. Pensam outros que todos os seres vivos se reproduzem uns pelos outros, firmados sobre o fato, que a experiência comprova, de que os germens de certas espécies vegetais e animais, mesmo dispersos, conservam latente vitalidade durante um tempo considerável, até que as circunstâncias lhes favoreçam a eclosão. Esta maneira de entender deixa sempre em aberto a questão da formação dos primeiros tipos de cada espécie.
Geração espontânea [3]
• Item 21 •
• Item 21 •
Sem discutir os dois sistemas, convém notar que o princípio da geração espontânea evidentemente só se pode aplicar aos seres das ordens mais inferiores dos reinos animal e vegetal, àqueles nos quais a vida começa a despontar e cujo organismo, relativamente simples, é, de certo modo, rudimentar. Foram esses, de fato, os primeiros que apareceram na Terra e cuja formação houve de ser espontânea. Assistiríamos assim a uma criação permanente, análoga à que se produziu nas primeiras idades do mundo.
Geração espontânea [3]
• Item 22 •
• Item 22 •
Mas, então, por que não se formam da mesma maneira os seres de complexa organização? É fato positivo que esses seres não existiram sempre; logo, tiveram um começo. Se o musgo, o líquen, o zoófito, o infusório, os vermes intestinais e outros podem produzir-se espontaneamente, por que não se dá o mesmo com as árvores, os peixes, os cães, os cavalos.
?aram aí, por enquanto, as investigações; desaparece o fio condutor e, até que ele seja encontrado, o campo fica aberto às hipóteses. Seria, pois, imprudente e prematuro apresentar meros sistemas como verdades absolutas.
?aram aí, por enquanto, as investigações; desaparece o fio condutor e, até que ele seja encontrado, o campo fica aberto às hipóteses. Seria, pois, imprudente e prematuro apresentar meros sistemas como verdades absolutas.
Geração espontânea [3]
• Item 23 •
• Item 23 •
Se a geração espontânea é fato demonstrado, por mais limitado que seja, não deixa de constituir um fato capital, uma baliza capaz de indicar o caminho para novas observações. Se os seres orgânicos completos não se produzem dessa maneira, quem sabe como eles começaram? Quem conhece o segredo de todas as transformações? Vendo o carvalho sair da bolota, quem pode afirmar que não exista um laço misterioso entre o pólipo e o elefante? (Item 25.)
No estado atual dos nossos conhecimentos, não podemos estabelecer a teoria da geração espontânea permanente, senão como hipótese, mas como hipótese provável e que um dia, talvez, tome lugar entre as verdades científicas incontestáveis. [4]
No estado atual dos nossos conhecimentos, não podemos estabelecer a teoria da geração espontânea permanente, senão como hipótese, mas como hipótese provável e que um dia, talvez, tome lugar entre as verdades científicas incontestáveis. [4]
Escala dos seres orgânicos
• Item 24 •
• Item 24 •
Não há delimitação nitidamente marcada entre os reinos vegetal e animal. Nas fronteiras dos dois reinos estão os zoófitos ou animais plantas, cujo nome indica que eles participam de um e outro, servindo-lhes de traço de união.
Como os animais, as plantas nascem, vivem, crescem, nutrem-se, respiram, reproduzem-se e morrem. Como aqueles, elas precisam de luz, de calor e de água; estiolam-se e morrem, caso lhes faltem esses elementos. A absorção de um ar viciado e de substâncias deletérias as envenena. Têm como caráter distintivo mais acentuado o fato de se conservarem presas ao solo e tirarem dele a nutrição, sem se deslocarem.
O zoófito tem a aparência exterior da planta. Como planta, mantém-se preso ao solo; como animal, a vida nele se acha mais acentuada; tira a sua alimentação do meio ambiente.
Um degrau acima, o animal é livre e já procura o seu alimento. Em primeiro lugar vêm as inúmeras variedades de pólipos, de corpos gelatinosos, sem órgãos bem definidos, só diferindo das plantas pela faculdade de locomoção; seguem-se, na ordem do desenvolvimento dos órgãos, da atividade vital e do instinto, os helmintos ou vermes intestinais; os moluscos, animais carnudos sem ossos, alguns deles nus, como as lesmas, os polvos, outros providos de conchas, como o caracol, a ostra; os crustáceos, cuja pele é revestida de uma crosta dura, como o caranguejo, a lagosta; os insetos, aos quais a vida assume prodigiosa atividade e se manifesta o instinto engenhoso, como a formiga, a abelha, a aranha. Alguns sofrem metamorfose, como a lagarta, que se transforma em elegante borboleta. Vem depois a ordem dos vertebrados, animais de esqueleto ósseo, que compreende os peixes, os répteis, os pássaros e, por fim, os mamíferos, cuja organização é a mais completa.
Como os animais, as plantas nascem, vivem, crescem, nutrem-se, respiram, reproduzem-se e morrem. Como aqueles, elas precisam de luz, de calor e de água; estiolam-se e morrem, caso lhes faltem esses elementos. A absorção de um ar viciado e de substâncias deletérias as envenena. Têm como caráter distintivo mais acentuado o fato de se conservarem presas ao solo e tirarem dele a nutrição, sem se deslocarem.
O zoófito tem a aparência exterior da planta. Como planta, mantém-se preso ao solo; como animal, a vida nele se acha mais acentuada; tira a sua alimentação do meio ambiente.
Um degrau acima, o animal é livre e já procura o seu alimento. Em primeiro lugar vêm as inúmeras variedades de pólipos, de corpos gelatinosos, sem órgãos bem definidos, só diferindo das plantas pela faculdade de locomoção; seguem-se, na ordem do desenvolvimento dos órgãos, da atividade vital e do instinto, os helmintos ou vermes intestinais; os moluscos, animais carnudos sem ossos, alguns deles nus, como as lesmas, os polvos, outros providos de conchas, como o caracol, a ostra; os crustáceos, cuja pele é revestida de uma crosta dura, como o caranguejo, a lagosta; os insetos, aos quais a vida assume prodigiosa atividade e se manifesta o instinto engenhoso, como a formiga, a abelha, a aranha. Alguns sofrem metamorfose, como a lagarta, que se transforma em elegante borboleta. Vem depois a ordem dos vertebrados, animais de esqueleto ósseo, que compreende os peixes, os répteis, os pássaros e, por fim, os mamíferos, cuja organização é a mais completa.
Escala dos seres orgânicos
• Item 25 •
• Item 25 •
Se se considerarem apenas os dois pontos extremos da cadeia, por certo não haverá nenhuma analogia aparente; mas, se se passar de um elo a outro sem solução de continuidade, chega-se, sem transição brusca, da planta aos animais vertebrados. Compreende-se então que os animais de organização complexa não sejam mais do que uma transformação ou, em outras palavras, um desenvolvimento gradual, a princípio insensível, da espécie imediatamente inferior e, assim, sucessivamente, até o ser primitivo elementar. Entre a bolota e o carvalho a diferença é grande; entretanto, se acompanharmos passo a passo o desenvolvimento da bolota, chegaremos ao carvalho e já não nos admiraremos de que este proceda de tão pequena semente. Ora, se a bolota encerra em latência os elementos próprios à formação de uma árvore gigantesca, por que não se daria o mesmo do ácaro ao elefante? (Item 23.)
Diante do exposto, compreende-se que não exista geração espontânea senão para os seres orgânicos elementares. As espécies superiores seriam o produto das transformações sucessivas desses mesmos seres, à medida que as condições atmosféricas se lhes foram tornando propícias. Adquirindo cada espécie a faculdade de reproduzir-se, os cruzamentos acarretaram inúmeras variedades. Depois, uma vez instalada em condições favoráveis, quem nos diz que os germens primitivos de onde ela surgiu não desapareceram para sempre, por inúteis? Quem nos diz que o nosso ácaro atual seja idêntico ao que, de transformação em transformação, produziu o elefante? Explicar-se-ia, assim, por que não há geração espontânea entre os animais de organização complexa.
Esta teoria, sem ser admitida ainda de maneira definitiva, é a que tende evidentemente a predominar hoje na Ciência. É aceita pelos observadores sérios como a mais racional dentre todas as que existem.
Diante do exposto, compreende-se que não exista geração espontânea senão para os seres orgânicos elementares. As espécies superiores seriam o produto das transformações sucessivas desses mesmos seres, à medida que as condições atmosféricas se lhes foram tornando propícias. Adquirindo cada espécie a faculdade de reproduzir-se, os cruzamentos acarretaram inúmeras variedades. Depois, uma vez instalada em condições favoráveis, quem nos diz que os germens primitivos de onde ela surgiu não desapareceram para sempre, por inúteis? Quem nos diz que o nosso ácaro atual seja idêntico ao que, de transformação em transformação, produziu o elefante? Explicar-se-ia, assim, por que não há geração espontânea entre os animais de organização complexa.
Esta teoria, sem ser admitida ainda de maneira definitiva, é a que tende evidentemente a predominar hoje na Ciência. É aceita pelos observadores sérios como a mais racional dentre todas as que existem.
O homem corpóreo
• Item 26 •
• Item 26 •
Do ponto de vista corpóreo e puramente anatômico, o homem pertence à classe dos mamíferos, dos quais difere unicamente por algumas nuanças na forma exterior. Quanto ao mais, a mesma composição química de todos os animais, os mesmos órgãos, as mesmas funções e os mesmos modos de nutrição, de respiração, de secreção, de reprodução. Ele nasce, vive, morre nas mesmas condições e, quando morre, seu corpo se decompõe, como tudo o que vive. Não há em seu sangue, na sua carne, em seus ossos, um átomo diferente dos que se encontram no corpo dos animais. Como estes, ao morrer, restitui à terra o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono que se haviam combinado para formá-lo, de modo que esses elementos, por meio de novas combinações, vão formar outros corpos minerais, vegetais e animais. A analogia é tão grande que se estudam as suas funções orgânicas em certos animais, quando as experiências não podem ser feitas no próprio homem.
O homem corpóreo
• Item 27 •
• Item 27 •
Na classe dos mamíferos, o homem pertence à ordem dos bímanos. Logo abaixo dele vêm os quadrúmanos (animais de quatro mãos), ou macacos, alguns dos quais, como o orangotango, o chimpanzé, guardam certa aparência com o homem, a tal ponto que, durante muito tempo, foram denominados homens das florestas. Como o homem, esses macacos caminham eretos, usam cajados, constroem choças e levam o alimento à boca com o auxílio das mãos: sinais característicos.
O homem corpóreo
• Item 28 •
• Item 28 •
Por pouco que se observe a escala dos seres vivos, do ponto de vista do organismo, reconhece-se que, desde o líquen até a árvore e desde o zoófito até o homem, há uma cadeia que se eleva gradativamente, sem solução de continuidade e cujos anéis, sem exceção de um só, têm um ponto de contato com o anel precedente. Acompanhando-se passo a passo a série dos seres, dir-se-ia que cada espécie é um aperfeiçoamento, uma transformação da espécie imediatamente inferior. Visto que as condições do corpo do homem são idênticas às dos outros corpos, química e constitucionalmente, e considerando-se que ele nasce, vive e morre da mesma maneira, também ele há de se ter formado nas mesmas condições que os outros.
O homem corpóreo
• Item 29 •
• Item 29 •
Embora isso possa custar muito ao seu orgulho, o homem deve resignar-se a não ver em seu corpo material senão o último anel da animalidade na Terra. Aí está o inexorável argumento dos fatos, contra o qual seria inútil protestar.
Todavia, quanto mais o corpo diminui de valor aos seus olhos, tanto mais cresce de importância o princípio espiritual. Se o primeiro o nivela ao bruto, o segundo o eleva a uma altura incomensurável. Vemos o limite extremo do animal, mas não vemos o limite a que chegará o Espírito do homem.
Todavia, quanto mais o corpo diminui de valor aos seus olhos, tanto mais cresce de importância o princípio espiritual. Se o primeiro o nivela ao bruto, o segundo o eleva a uma altura incomensurável. Vemos o limite extremo do animal, mas não vemos o limite a que chegará o Espírito do homem.
O homem corpóreo
• Item 30 •
• Item 30 •
Por aí o materialismo pode ver que o Espiritismo, longe de temer as descobertas da Ciência e o seu positivismo, vai ao encontro deles e os provoca, porque está certo de que o princípio espiritual, que tem existência própria, em nada pode com elas sofrer.
O Espiritismo marcha ao lado do materialismo, no campo da matéria; admite tudo o que o segundo admite; mas avança para além do ponto em que este se detém. O Espiritismo e o materialismo são como dois viajantes que caminham juntos, partindo de um mesmo ponto; chegados a certa distância, um diz: “Não posso ir mais longe”. O outro prossegue e descobre um novo mundo. Por quê, então, o primeiro diz que o segundo é louco? só porque, entrevendo novos horizontes, o segundo se decide a transpor os limites que o outro julga por bem não avançar? Também Cristóvão Colombo não foi tachado de louco, porque acreditava na existência de um mundo além do oceano? Quantos desses loucos sublimes a História não conta, que têm feito a Humanidade avançar e aos quais se tecem coroas, depois de lhes haver atirado lama.
?ois bem! O Espiritismo, esta loucura do século dezenove, segundo os que se obstinam em permanecer ligados à Terra, nos torna evidente todo um mundo, bem mais importante para o homem do que a América, visto que nem todos os homens vão à América, ao passo que todos, sem exceção de um só, vão ao mundo dos Espíritos, fazendo incessantes travessias de um para o outro. Chegados, portanto, ao ponto em que nos achamos com relação à Gênese, o materialismo se detém, enquanto o Espiritismo prossegue em suas pesquisas no domínio da Gênese espiritual.
[1] N. do T.: A palavra – “corpóreo” – não faz parte do original francês que serviu de base para esta tradução. Consta, porém, no “Sumário” da obra e, mais adiante, no subtítulo que trata dos itens 26 a 30 deste capítulo, razão por que a inserimos neste livro.
[2]N. de A. K.: O quadro abaixo, da análise de algumas substâncias, mostra a diferença de propriedades que resulta tão só da variação na proporção em que entram os elementos constituintes. Sobre 100 partes, temos:
[3] N. do T.: Allan Kardec, neste como em outros pontos, serviu-se dos conhecimentos científicos da época em que viveu, e não podia ir além. Hoje, porém, está sobejamente comprovado pela Ciência que não existe geração espontânea, nem mesmo para os seres “das ordens mais inferiores” da Criação, como vírus e bactérias, por exemplo. Não se deve esquecer, entretanto, que Kardec teve o cuidado de apresentar a teoria da geração espontânea como hipótese provável, e não como princípio constitutivo da Doutrina Espírita. (Ver item 23.)
[4]N. de A. K.: Veja-se na Revista Espírita de julho de 1868, o desenvolvimento da teoria da geração espontânea. [Artigo: “A geração espontânea e A Gênese”.]
O Espiritismo marcha ao lado do materialismo, no campo da matéria; admite tudo o que o segundo admite; mas avança para além do ponto em que este se detém. O Espiritismo e o materialismo são como dois viajantes que caminham juntos, partindo de um mesmo ponto; chegados a certa distância, um diz: “Não posso ir mais longe”. O outro prossegue e descobre um novo mundo. Por quê, então, o primeiro diz que o segundo é louco? só porque, entrevendo novos horizontes, o segundo se decide a transpor os limites que o outro julga por bem não avançar? Também Cristóvão Colombo não foi tachado de louco, porque acreditava na existência de um mundo além do oceano? Quantos desses loucos sublimes a História não conta, que têm feito a Humanidade avançar e aos quais se tecem coroas, depois de lhes haver atirado lama.
?ois bem! O Espiritismo, esta loucura do século dezenove, segundo os que se obstinam em permanecer ligados à Terra, nos torna evidente todo um mundo, bem mais importante para o homem do que a América, visto que nem todos os homens vão à América, ao passo que todos, sem exceção de um só, vão ao mundo dos Espíritos, fazendo incessantes travessias de um para o outro. Chegados, portanto, ao ponto em que nos achamos com relação à Gênese, o materialismo se detém, enquanto o Espiritismo prossegue em suas pesquisas no domínio da Gênese espiritual.
[1] N. do T.: A palavra – “corpóreo” – não faz parte do original francês que serviu de base para esta tradução. Consta, porém, no “Sumário” da obra e, mais adiante, no subtítulo que trata dos itens 26 a 30 deste capítulo, razão por que a inserimos neste livro.
[2]N. de A. K.: O quadro abaixo, da análise de algumas substâncias, mostra a diferença de propriedades que resulta tão só da variação na proporção em que entram os elementos constituintes. Sobre 100 partes, temos:
[3] N. do T.: Allan Kardec, neste como em outros pontos, serviu-se dos conhecimentos científicos da época em que viveu, e não podia ir além. Hoje, porém, está sobejamente comprovado pela Ciência que não existe geração espontânea, nem mesmo para os seres “das ordens mais inferiores” da Criação, como vírus e bactérias, por exemplo. Não se deve esquecer, entretanto, que Kardec teve o cuidado de apresentar a teoria da geração espontânea como hipótese provável, e não como princípio constitutivo da Doutrina Espírita. (Ver item 23.)
[4]N. de A. K.: Veja-se na Revista Espírita de julho de 1868, o desenvolvimento da teoria da geração espontânea. [Artigo: “A geração espontânea e A Gênese”.]