Baú de Casos

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Capítulo XI

Finados reencarnados


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Caro Armando, recebi

Os bilhetes e os recados;

Você deseja notícias

De alguns dos nossos finados.


Entendo. Finados hoje

Para nós, é a comitiva

Dos irmãos fora da Terra,

Gente morta sendo viva.


Não posso dar muitas notas

De sentido mais profundo,

Falarei de alguns amigos

Já reencarnados no mundo.


Às vezes, nos cemitérios,

A gente chora na campa

De amados que já voltaram

Para a Terra, em nova estampa.


Você recorda Nhô Zeca

Que liquidou João Matula?

João voltou à casa dele,

É o netinho que ele adula.


Por causa de Frederico,

Suicidou-se o Tonho Prata,

Tonho, porém, renasceu…

É o bisneto que o maltrata.


Outro suicídio, o de Délio

Que morreu por Lia Benta…

Délio tomou novo berço,

É o filho que ela amamenta.


Por ambição, Carlomanho

Arrasou com Dona Luna;

Ela nasceu neta dele,

A fim de herdar lhe a fortuna.


Tino e Rita promoveram

A morte de Adão Ramalho;

Adão renasceu com eles,

Trazendo imenso trabalho.


Nhô Téo acabou com Joana

Ao não querê-la por nora,

Mas Joana já reencarnou…

É a netinha que ele adora.


Morreram dois inimigos:

Tião e Juca da Barra…

Agora nasceram gêmeos,

Vieram irmãos na marra.


Desencarnado, Nhô Gino

Que falava mal de tudo,

Pediu corrigenda a Deus,

Em seguida, nasceu mudo.


Nosso assunto é isto aí…

Recordação de finados

É a vida em torno da vida

Que se expressa por dois lados.


Enquanto estamos na Terra,

Para dizer o que posso,

Muita vez, a gente reza

Em campo que já foi nosso.




Cornélio Pires
Francisco Cândido Xavier

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