Baú de Casos

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Capítulo XX

Problema de fé


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Você nos pede notícias,

Caro Juca Sumaré,

Sobre a maneira precisa,

Com que hoje vejo a fé.


É uma questão complicada,

Junto à qual você me encosta,

No entanto, a boa vontade

Tem sempre alguma resposta.


De uma vida para outra

Não é como você pensa,

Fé naquilo que imagino

Mostra pouca diferença.


Depois da morte, meu caro,

A ideia é de cada qual,

Assunto de confiança

Pertence à vida mental.


A fé completa, a meu ver,

Mais se parece a uma estrela

E a pessoa luta muito

Até que possa obtê-la.


A confiança é um tesouro

Que se a junta devagar,

O Espírito vai sofrendo

E aprendendo a confiar.


Sobretudo, antes do berço,

Pedindo reencarnação,

É que muita gente boa

Vai de lição em lição.


Muito amigo diz ter fé,

Suplica luta violenta,

Nasce, cresce, entra na prova,

Diz depois que não aguenta.


Você recorda Altalino,

Fazia votos de fé,

Vendo a casa em sofrimento,

O coitado deu no pé.


Antônio afirmava sempre

Ser crente de força e raça,

Abandonado por Joana

Projetou-se na cachaça.


Tintina orava solene,

Mas vendo a morte do Meira,

Quebrou a imagem da santa

Que trazia à cabeceira.


Era médium valorosa

Dona Licota de Andrade,

Notando o esposo doente,

Largou a mediunidade.


Outro médium de importância,

Era Quincota do Coentro,

Vendo o pai acidentado,

O rapaz fugiu do Centro.


Dizia ter fé gigante

Nosso irmão Délio da Luz,

Entrando na viuvez,

Nada mais quis com Jesus.


Vendo um filho em provação,

A médium Cora Farias,

Abandonou a sessão,

Xingando todos os guias.


De prova em prova na estrada

Na evolução que se ajeita,

Um dia, teremos todos

A fé sublime e perfeita.


Mas, por enquanto, meu caro,

Deus que é o Pai do Sumo Bem

Ampara cada pessoa

Conforme a fé que se tem.




Cornélio Pires
Francisco Cândido Xavier

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