Baú de Casos

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Capítulo VIII

As duas bandas


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Recebi a sua carta,

Meu caro Antônio José,

Sobre antiga indagação

No campo de nossa fé.


Diz você: “Caro Cornélio,

Escute. Por que será

Que tanta gente prefere

Viver na banda de lá?


Na banda de cá, nós temos

Esperança, paz e luz,

Trabalho de melhoria

Nos créditos de Jesus.


Mas creia que dói saber

Quando se nota e se pensa

Que temos tantos amigos

Enrolados na descrença.”


A linha que você fez,

A meu ver, melhor não há:

Separando a nossa banda

Da outra banda de lá.


No entanto, a minha resposta

É igual à que você tem;

Infeliz de quem descrê

Da vida no Mais Além.


Na banda de lá, meu caro,

Há muita sombra escondida

E muita gente chorando

Sem fé no poder da vida.


Os irmãos que vivem lá

E nisso é que me embaralho,

Desejam achar a fé

Mas não desejam trabalho.


Procuram revelações,

Prodígios fenomenais,

Querem verdades ao certo,

Quando encontram querem mais.


Na banda de cá, por vezes,

A provação fere fundo,

Contudo, a crença dissolve

Qualquer problema do mundo.


Há pessoas separadas,

Bom senso não nega isso,

Porque nem todos trabalham

Sob o mesmo compromisso.


Sendo assim, todos achamos

Muitas lutas por vencer,

Burilamento reclama

Cada qual em seu dever.


Por isso, meu caro amigo,

Sob a fé que serve e anda,

Continuemos fiéis

Do lado de nossa banda.


Podem surgir brigalhada,

Reclamação, amargura,

Mas no meio dos pampeiros

A fé se mantém segura.


Na banda de cá, por vezes,

A provação fere fundo,

Contudo, a crença dissolve

Qualquer problema do mundo.


Há pessoas separadas,

Bom senso não nega isso,

Porque nem todos trabalham

Sob o mesmo compromisso.


Sendo assim, todos achamos

Muitas lutas por vencer,

Burilamento reclama

Cada qual em seu dever.


Por isso, meu caro amigo,

Sob a fé que serve e anda,

Continuemos fiéis

Do lado de nossa banda.


E supliquemos a Deus

Que a todos sustentará,

Muito amparo à nossa banda

E paz na banda de lá.




Cornélio Pires
Francisco Cândido Xavier

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