Baú de Casos
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História de Quinquim
Em carta, você pergunta, Meu caro Alírio Trindade, Como é que se desenvolve O dom da mediunidade. Você termina, indagando Quanto ao nobre compromisso Qual a maneira mais certa De começar o serviço. Ser médium, meu bom amigo, Em qualquer tempo e lugar, Pede atenção para o estudo E gosto de trabalhar. Na alegria do começo, Qualquer irmão se equilibra, Mas a tarefa depois Precisa de muita fibra. No assunto, quero contar-lhe O caso de um companheiro, Sei que você vai lembrá-lo: É o nosso Quinquim Monteiro. Quinquim curou-se num Centro De uma dor no calcanhar, Notando a força da prece, Quis ser médium, trabalhar… Iniciou-se, feliz, No “Grupo do Irmão Carlindo,” Mas a obra foi crescendo E o trabalho foi subindo… Muita gente em provação, Muita amizade a sofrer, “Servir e entender a todos” Passara a simples dever. A tarefa perdurava Não se sabia até quando, Quinquim começou nas falhas E seguiu desanimando… Nas noites de reuniões, Não negava a própria fé, Mas falava de fadiga, De dor na nuca ou no pé. Mostrava as pernas doendo, Tinha angústia, batedeira, Dizia sofrer de insônia, Às vezes, por noite inteira. Lastimava resfriados, Inflamações do nariz, Se alguém lhe pedia amparo, Confessava-se infeliz. Acusava-se vencido, Estava sempre cansado, Nas horas do reumatismo, Padecia dor de lado. Se alguém lhe falasse em preces, Quinquim falava em descanso, Era um retrato da queixa Na cadeira de balanço. Sempre a clamar contra a vida, Sem domínio da vontade, Quinquim largou-se ao repouso, Perdendo a mediunidade. Passou a viver deitado, Não tinha fome nem sede, Em seguida, piorou, Cansado de cama e rede. Quando quis recuperar-se, A morte olhava Quinquim, O pobre já tinha o nome No grande listão do fim. E o assunto é esse aí… Se você quer triunfar, Não escute corpo mole, Nem pare de trabalhar. |
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