Bazar da Vida
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No sentido de ampliar Os pensamentos do Bem, É que ouso comentar A lição que vi do Além. A viúva nobre e rica, Dona Cecília Trindade, Tinha um filho e duas filhas Com destaque na cidade. Certo dia, junto ao filho, Tão pálida quanto a cera, Mostra-lhe Dona Cecília A carta que recebera. Era um texto repulsivo De cruel sequestrador Que lhe falava na escrita Com menosprezo e rancor Que ela atendesse sem falta, No que se punha a intimá-la, Cinquenta milhões, não menos, Ou, então, a morte a bala… Que colocasse o dinheiro Por entre jornais em monte, Certa noite, em certa hora, Debaixo de antiga ponte. Nada dissesse à polícia, Que agisse de “lábio mudo” Nada falasse a ninguém, Se não mudaria tudo… Rogava ao filho conselho Contra o esperto marginal, Esperando recorrer Ao tato policial. Mas o moço respondeu: — “Escute, mamãe querida, Nisso tudo, apenas vejo A bênção de sua vida. “É preciso resguardar Seus santos cabelos brancos, Essa quantia é migalha Do que já possui nos bancos. “Convém se evite a polícia, Ponha o dinheiro em jornais E fique livre de vez Da mira de marginais.” Mas a senhora, ao contrário, Foi à polícia em segredo, Pediu providências claras, Falando firme e sem medo. Orientada, a capricho, Por antigo delegado, Colocou todo o dinheiro Sobre o terreno indicado. A nobre dama, a distância, Ficou serena, a contento, Queria ver o desfecho Do triste acontecimento. Em hora escura da noite, Um mascarado chegava, Sem ver os homens atentos Da guarda que o vigiava. Quando tomou do pacote, Eis que a polícia o esfacela… Descobriu-se, então, que o morto Era o próprio filho dela. |
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