Bazar da Vida

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Capítulo V

Sequestro


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No sentido de ampliar

Os pensamentos do Bem,

É que ouso comentar

A lição que vi do Além.


A viúva nobre e rica,

Dona Cecília Trindade,

Tinha um filho e duas filhas

Com destaque na cidade.


Certo dia, junto ao filho,

Tão pálida quanto a cera,

Mostra-lhe Dona Cecília

A carta que recebera.


Era um texto repulsivo

De cruel sequestrador

Que lhe falava na escrita

Com menosprezo e rancor


Que ela atendesse sem falta,

No que se punha a intimá-la,

Cinquenta milhões, não menos,

Ou, então, a morte a bala…


Que colocasse o dinheiro

Por entre jornais em monte,

Certa noite, em certa hora,

Debaixo de antiga ponte.


Nada dissesse à polícia,

Que agisse de “lábio mudo”

Nada falasse a ninguém,

Se não mudaria tudo…


Rogava ao filho conselho

Contra o esperto marginal,

Esperando recorrer

Ao tato policial.


Mas o moço respondeu:

— “Escute, mamãe querida,

Nisso tudo, apenas vejo

A bênção de sua vida.


“É preciso resguardar

Seus santos cabelos brancos,

Essa quantia é migalha

Do que já possui nos bancos.


“Convém se evite a polícia,

Ponha o dinheiro em jornais

E fique livre de vez

Da mira de marginais.”


Mas a senhora, ao contrário,

Foi à polícia em segredo,

Pediu providências claras,

Falando firme e sem medo.


Orientada, a capricho,

Por antigo delegado,

Colocou todo o dinheiro

Sobre o terreno indicado.


A nobre dama, a distância,

Ficou serena, a contento,

Queria ver o desfecho

Do triste acontecimento.


Em hora escura da noite,

Um mascarado chegava,

Sem ver os homens atentos

Da guarda que o vigiava.


Quando tomou do pacote,

Eis que a polícia o esfacela…

Descobriu-se, então, que o morto

Era o próprio filho dela.




Jair Presente
Francisco Cândido Xavier

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