Bezerra, Chico e Você
Versão para cópiaCronologia
1831 — 29 de agosto
Nascimento de Bezerra de Menezes em Riacho do Sangue — Ceará
1851 — 05 de fevereiro
Muda-se para o Rio de Janeiro
1856
Doutora-se em medicina
1857 — 1.° de junho
Posse na Academia Imperial de Medicina
1858 — 06 de novembro
Casamento com Maria Cândida de Lacerda
1858
Ingresso nos quadros do Exército como Cirurgião-Tenente
1860
Eleito Vereador à Câmara Municipal do Rio de Janeiro
1864
Reeleito Vereador à Câmara Municipal do Rio de Janeiro
1865
Casamento em segundas núpcias com Cândida Augusta de Lacerda Machado
1867
Eleito Deputado Federal pela Província do Rio de Janeiro (membro da Comissão de Obras Públicas)
1873-1881
Retorna à Câmara Municipal do Rio de Janeiro sendo eleito por mais duas legislaturas
1878-1881
Presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro
1882-1885
Reeleito Deputado Federal pela Província do Rio de Janeiro (membro das Comissões de Obras Públicas, Redação e Orçamento)
1886 — 16 de agosto
Adesão pública ao Espiritismo
1887-1894
Publicações em O PAIZ — periódico de maior circulação na época, dirigido por Quintino Bocaiuva sob o Pseudônimo de
1889
Presidente da Federação Espírita Brasileira
1895-1900
Presidente da Federação Espírita Brasileira
1900 — 11 de abril
Desencarnação de Bezerra de Menezes
Concluiu o Curso de Medicina ainda com o “Cavalcanti” no sobrenome.
Cargo na época correspondente ao de Prefeito Municipal.
Traços biográficos
“Descerás às lutas terrestres com o objetivo de concentrar as nossas energias no país do Cruzeiro, dirigindo-se para o alvo sagrado dos nossos esforços. Arregimentarás todos os elementos dispersos, com as dedicações do teu espírito, a fim de que possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro dos elevados propósitos de reforma e regeneração. Não precisamos encarecer aos teus olhos a delicadeza da missão: mas, com a plena observância do código de Jesus e com a nossa assistência espiritual, pulverizarás todos os obstáculos, à força de perseverança e de humildade, consolidando os primórdios de nossa obra, que é de Jesus, no seio da pátria do seu Evangelho. Se a luta vai ser grande, considera que não será menor a compensação do Senhor, que é o caminho, a verdade e a vida.”
Cearense de Riacho do Sangue, Bezerra de Menezes nasceu a 29 de agosto de 1831. Filho de Antonio Bezerra de Menezes e de Fabiana de Jesus Maria Bezerra, após completar sua instrução básica, embarcou para a Capital do Império em 1851, a fim de matricular-se na Faculdade de Medicina.
No Rio de Janeiro, a despeito de grandes sacrifícios para o custeio de seus estudos, doutorou-se em Medicina no ano de 1856, tomando posse no ano seguinte como membro da Academia Imperial de Medicina de cujos anais foi redator de 1859 a 1861. Ingressa no Exército em 1858, como cirurgião-tenente, assistente do cirurgião-mor do Exército na época, o Dr. Manoel Feliciano Pereira de Carvalho.
Ainda no ano de 1858 casa-se com a Sra. Maria Cândida de Lacerda que no início de 1863 desencarna, deixando-lhe dois filhos.
Já em franca atividade médica demonstrava o grande coração que iria semear até o fim do século, sobretudo entre os menos favorecidos da fortuna, o carinho, a dedicação e o alto valor profissional, firmado em brilhante curso. Foi justamente o respeito e reconhecimento de numerosos amigos que o levaram à Política, elegendo-se Bezerra de Menezes vereador à Câmara Municipal do Rio de Janeiro e deputado federal numerosas vezes, perfazendo quase 30 anos de vida parlamentar.
Em 1865 casa-se em segundas núpcias com a Sra. Cândida Augusta de Lacerda Machado; de seu segundo casamento nasceram sete filhos.
De 1878 a 1881 foi Presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, cargo na época correspondente ao de Prefeito Municipal, tendo, assim,administrado nesse período a mais importante cidade do Brasil — a Capital do Império — São Sebastião do Rio de Janeiro. Ainda de permeio a suas lides políticas e ao exercício de sua nobre profissão, Bezerra empreendeu a construção da Estrada de Ferro Macaé — Campos.
Todo o brilho de suas atividades políticas, a retidão implacável de seu caráter, o alcance de administrador experimentado na gerência da capital imperial e o inexcedível zelo no exercício apostolar da Medicina foram, na verdade, as bases sólidas da pirâmide em cujo ápice chegaria em 1886 com a adesão pública ao Espiritismo.
Já há alguns anos Bezerra se dedicava ao estudo da Doutrina de Kardec, mas foi a 16 de agosto de 1886, aos 55 anos de idade, que perante grande público no salão de conferências da Guarda Velha, em longa alocução,justificou a definitiva opção de abraçar os princípios da consoladora doutrina.
Daí por diante foi Adolfo Bezerra de Menezes o catalisador de todo o movimento espírita na pátria do Cruzeiro, exatamente como preconizara Ismael na citada reunião da Espiritualidade. Com sua cultura privilegiada, aliada ao descortino de homem público e ao seu inexcedível amor do próximo, conduziu o barco de nossa doutrina por sobre as águas atribuladas pelo iluminismo fátuo, pelo cientificismo presunçoso que pretendia deslustrar o grande significado da codificação kardequiana. Presidente da Federação Espírita Brasileira em 1889, ao espinhoso cargo foi reconduzido em 1895, quando mais se agigantava a maré da discórdia e das radicalizações no meio espírita, apenas deixando a posição de timoneiro dos destinos do movimento espírita brasileiro em 1900 com o seu desenlace.
Escritor fecundo, entre 1887 e 1894 assinou semanalmente, sob o pseudônimo de Max, artigos sobre o Espiritismo no Jornal O PAIZ, periódico de maior circulação na época, dirigido por Quintino Bocaiuva. Tais crônicas em que se reconhece um dos mais importantes trabalhos de divulgação da Doutrina Espírita foram posteriormente enfeixadas em três volumes pela Federação Espírita Brasileira com o título ESPIRITISMO — ESTUDOS PHILOSOPHICOS, editados na cidade do Porto.
Em sua profícua produção literária destacamos ainda os romances A CASA ASSOMBRADA, CASAMENTO E MORTALHA, a tese DIAGNÓSTICO DO CANCRO, o estudo A LOUCURA SOB NOVO PRISMA, com importantes considerações sobre a etiologia das perturbações mentais, UMA CARTA DE BEZERRA DE MENEZES em que dá conta de sua conversão ao Espiritismo, replicando carta de seu irmão que lhe exprobra os novos ideais. Outros trabalhos exornam sua extensa produção, dedicada inteiramente à difusão dos princípios kardequianos.
O ano de 1900 já o encontra enfermo, ocorrendo sua desencarnação na manhã de 11 de abril em meio a tocantes manifestações de amizade e respeito. Ascende, assim, ao plano espiritual, após 69 anos de duros labores na Terra, o grandioso Espírito daquele carinhosamente chamado O MÉDICO DOS POBRES, que em vigílias incontáveis percorria os morros em socorro dos enfermos humildes, batia às portas de lares em sofrimento nos subúrbios modestos do Rio de Janeiro para com sua presença amiga lenir as dores e muitas vezes atenuar a fome ou as perturbações espirituais.
Nesta obra homenageamos o servidor de Jesus que deixou o corpo físico para levantar com brilho raro a bandeira de sua mensagem nos céus do Cruzeiro do Sul, que aglutinou em torno de si o movimento incipiente e desagregado do Espiritismo da época, ditando-lhe a feição evangélica que todos respeitamos nos dias de hoje. E ainda, saudamos a lendária figura de um dos mais populares cidadãos do Rio de Janeiro, no último quartel do século passado, símbolo vivo da caridade, da esperança e do verdadeiro sacerdócio na abençoada tarefa de Hipócrates.
A Bezerra de Menezes — o KARDEC BRASILEIRO, que instado, 50 anos após sua desencarnação, pelos Planos elevados da Espiritualidade a buscar novas frentes de trabalho nas culminâncias dos céus, preferiu continuar percorrendo o continente brasileiro incansavelmente para socorrer encarnados e desencarnados que ainda estagiam em faixas mais árduas de lutas regeneradoras, em demonstração de inequívoca humildade — oferecemos estas rápidas linhas, escorço sincero e despretensioso.
São Bernardo do Campo, 8 de setembro de 1973.
Grupo Espírita Emmanuel s/c Editora
Palavras de Ismael a Bezerra de Menezes em reunião na Espiritualidade Maior antes da sua reencarnação. Citado da obra , de autoria do Espírito de Humberto de Campos, psicografada por Francisco Cândido Xavier.
Prefácio
Prezado leitor.
Palavras de apresentação neste livro não devem ser muitas. Apenas aquelas com que de designa o ponto de encontro com um amigo generoso e paternal.
Esse companheiro dispensa adjetivos. é o apóstolo e mentor que todos nos habituamos a respeitar na Seara do Cristianismo Redivivo.
Estruturado com instruções e respostas do venerável orientador evangélico, pelo veículo mediúnico, em ocasiões diversas, este volume foi organizado pelo próprio autor, na feição com que se define.
Bezerra destacou trechos e notas de seus próprios comunicados — verdadeiras aulas de elevação e burilamento íntimo, através do tempo — e formou o livro que passamos às suas mãos, sem o critério de cronologia, quanto às páginas que o integram, pautando-se pela ordem dos assuntos ante a conveniência da construção espiritual.
Aqui temos, em suma, a parte mais importante de um diálogo. Você, caro leitor, tal qual sucedeu com os irmãos que nos antecederam, está encontrando a palavra de nosso admirável amigo diante dos problemas que nos solicitam serenidade e trabalho, observação e discernimento. E Bezerra aqui nos responde com o amor e a compreensão de todos os dias.
Realmente, todos nos empenhamos, na Terra e no Mundo Espiritual, pela edificação da Vida Melhor.
Aproximemo-nos do respeitado amigo de Jesus, consultando-lhe os roteiros. Nestas páginas transbordantes de paz e entendimento, você pode buscar-lhe a companhia, a fim de ouvir-lhe o coração. Não apenas você, mas também nós.
Uberaba, 8 de setembro de 1973.
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