Bezerra, Chico e Você

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Capítulo XII

Interdependência


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Realmente, achamo-nos todos no campo da fé viva para trabalhar. E servir, sem esquecer-nos para alcançar semelhante realização, é praticamente impossível.


De quando a quando, pelo menos, ser-nos-á justo analisar a extensão e a qualidade de nossas tarefas, de modo a verificar-lhes o rendimento no bem.


Permaneceis conosco, não à maneira de cooperadores cativos, dependentes de nossas orientações.

Conquanto a diferença de Plano, cada um de nós se detém na posição que lhe é própria, em matéria de encargos recebidos.


Esse recolheu a missão de planear o ensino e concretizá-lo; aquele se encontra compromissado em administrar; aquele outro ainda se vê compelido a zelar por essa ou aquela faixa de ação, para fazê-la produzir determinados valores no bem geral.

Temos irmãos que se acharam trazidos a mandatos complexos na direção direta ou indireta de pequenas ou grandes comunidades; outros solicitaram e obtiveram da Vida Espiritual a felicidade de se reencarnarem nos postos de sacrifício, com o objetivo de se desvelarem no reajuste de alguém que lhes toma o convívio, sob os nomes de pai ou esposo, filho ou irmão; e outros muitos, ainda, por vezes, encontram em pleno anonimato, a condição de renúncia de que se reconheceram, um dia, necessitados, para a realização de encargos no autoaperfeiçoamento.


Estejamos na certeza de que todos somos peças interdependentes nas engrenagens da vida. E as engrenagens a que nos referimos reclamam de cada um de nós fidelidade e disciplina, de maneira a que não venhamos a olvidar aquela área da existência, em que todos os dias surpreendemos os desígnios do Senhor a nosso respeito, área que nomeamos com a palavra “dever”.


Aceitemo-nos como somos, trabalhando para melhorar-nos cada vez mais e aceitemos as atividades em que fomos necessariamente situados para que a rebeldia não se nos intrometa nas obrigações do cotidiano, fantasiada de liberdade.


Somos herdeiros e depositários da fé que precisa expressar-se no bem geral.

Caridade, entendimento, solidariedade, amparo, sacrifício, constituem frutos que nos compete espalhar onde estivermos.


Abençoemos aqueles que se nos façam instrumentos de prova; os que nos visitem o coração, à maneira do esmeril que o abrilhanta ou reajusta; os companheiros que se transformam em problemas que nos levam a conhecer o trabalho em suas mais íntimas nuances; e, sobretudo no lar, agradeçamos a oportunidade de nos devotarmos em auxílio a outrem, às vezes, até mesmo com o desinteresse compulsório dos nossos sonhos mais ínfimos, a fim de que nos mantenhamos matriculados na escola do amor verdadeiro que inclui todos os sacrifícios para que a felicidade consiga viver com aqueles que mais amamos, erguendo-se-nos, por fim, na existência, em pão espiritual de cada dia.


Filhos, entendemos as vossas dificuldades que são também nossas e reconhecemos a inquietação com que muitos de vós outros nos bateis às portas do coração suplicando esperança e consolação.

Crede! Não somos insensíveis aos vossos rogos, mas, porque também nos achamos lutando e trabalhando convosco no mesmo nível, convidamos a todos vós, tanto quanto convidamos a nós mesmos, para compartilharmos a mesma requisição de auxílio e força ao Senhor Jesus, a fim de que nos reunamos na mesma faixa de confiança redentora e produtiva, servindo e amando com a certeza de que se nos amarmos realmente, uns aos outros, seguiremos adiante, superando todos os obstáculos, para o encontro sublime da União com Deus.



De mensagem recebida em 16.09.1972.



Bezerra
Francisco Cândido Xavier

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