Caminhos de Volta
Versão para cópiaUm quadro de lágrimas
Visitamos, ontem, com alguns amigos, um pequeno, de doze a treze anos de idade, em cidade próxima. Mudo e completamente inibido na vida mental, apenas chora e emite sons ininteligíveis.
De volta ao lar, ainda impressionados com a prova dessa criança em grande luta espiritual, reunimo-nos em prece. Ligeiro culto de oração, recordando o quadro de lágrimas que víramos. O Livro dos Espíritos () ofereceu-nos para reflexão a questão 371.
Depois da leitura e rápidos comentários, o poeta Epiphanio Leite trouxe-nos o soneto “Gênio Enfermo”, em clara correlação com o problema do menino em sofrimento.
GÊNIO ENFERMO
(Versos ao culto amigo que espalhava ateísmo e violência, através da palavra falada e escrita, na última década do século XVIII, suscitando rebeldia e delinquência, e que, presentemente reencontrei, na condição de Espírito em reajuste, na provação da idiotia.)
Lembro-te, caro amigo… O gênio agindo às cegas, Lanças violência e fel nas multidões que arrastas. Ouço-te na memória as negações nefastas… Escreves e destróis… Falas e desagregas… Quanto crime a surgir dos princípios que pregas!… Um dia, vem a morte ao campo que desgastas… No Além, sofres a culpa de que não te afastas, Rogas socorro ao Céu nos grilhões que carregas… Agora reencontrei-te em aldeia remota. Habitas outro corpo e choras mudo e idiota… Ah! quanto sinto a luta em que te vejo imerso!… Mas louva a provação que te aponta o futuro. Na dor, terás de novo o pensamento puro, Refletindo, em ti mesmo, as bênçãos do Universo. |
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