Caminhos do Amor, Os

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Capítulo XXIX

Sai de ti mesmo


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Se carregas contigo o tempo atormentado

Sob tristeza e desencanto,

É natural te aflijas, entretanto,

Não te entregues ao luxo de chorar.

Sai de ti mesmo e escuta, em derredor,

Aqueles que se vão sem rumo certo,

Suportando no peito o coração deserto

Na penúria que mora entre a noite e o pesar.


Não importa o que foste e o que sofreste

E nem a dor alheia, em mágoas mudas,

Procurará saber a crença em que te escudas,

Nem pergunta quem és…

Os que seguem no pó do sofrimento,

Vivendo de coragem, semi-morta,

Rogam-te auxílio à porta,

Rojando-se-te aos pés…


Desce da torre em que te vês somente

E escuta-lhes a história dolorida:

Esse chora sem lar, outro é quase suicida

Cansado de amargura e solidão;

Aquele envelheceu, sem alguém que o quisesse,

Outra é mãe desprezada, anêmica e sozinha,

Sombra que foi mulher, que respira e caminha,

Sabendo agradecer a fortuna de um pão.


Sai de ti mesmo e vem!… Esquece-te em serviço…

É Jesus que te chama ao bem que não se cansa,

Acharás, ao servir, renovada esperança,

Paz e fé sob a luz de nobres cireneus!…

E sem horas a dar ao desalento e ao tédio,

Quando encontres a noite, cada dia,

Dirás ao Céu, em preces de alegria:

— Por tudo quanto tenho agradeço, meu Deus!…




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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