Cartas do Alto

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Capítulo XV

Auxílio aos que partem

Não observes a criatura cuja palavra a morte emudeceu como alguém que se aniquilou.

Corpo gasto é apenas veste rota.

Se ainda ontem oferecias devotamento aos que atravessam as barreiras da sepultura, por que motivo transformarás, agora, as flores do teu amor em espinhos de desespero?

Quem parte quase sempre transporta consigo aflições e problemas que não consegues imaginar!...

Muitos daqueles que de ti receberam entendimento e carinho abandonaram a Terra conduzindo consigo as paixões que lhes devastavam o ser, os dissabores em que se cristalizaram, as angústias da separação e as chagas do remorso que adquiriram.

Não lhes atires fogo à alma inquieta através do pranto inconsiderado.

Ajuda-os com a prece amiga e faze algo que lhes garanta a libertação, fortalecendo-lhes a esperança ou socorrendo a viuvez e a orfandade que lhes recordam o nome, atenuando o sofrimento e a treva que deixaram na retaguarda.

Comentando-lhes a passagem no mundo, destaca-lhes os anseios e as qualidades nobres, reportando-te aos elevados desejos que não puderam realizar.

Não salientes o mal de que foram vítimas, nem te refiras aos enganos a que se acolheram, porque teu pensamento e teu verbo atingem o Mais Além com endereço infalível.

Não provoques o pranto de quem já chorou em demasia à frente da verdade, nem apagues a chama da fé viva que brilha em favor daqueles que se tresmalham nos labirintos do ódio.

Auxilia-os como puderes e acende o lume da oração junto deles para que se restaurem com segurança.

Não olvides que amanhã serás o indeciso viajante das sombras, supostamente morto para os que ficam, e somente por teu incessante auxílio aos outros é que dos outros receberás o auxílio de amor, luz e paz.




Reformador — Novembro de 1956.


Segundo consta do original, a página foi recebida em reunião na noite de 20/03/1956, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais. Não há referência de local.



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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