Cartas do Alto

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Capítulo VI

Visão


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A natureza, em todos os reinos da Terra, é o livro da sabedoria infinita, concitando-nos ao entendimento da bondade de Deus.

A luz solar é a onipresença divina, convidando-nos à meditação na justiça e equanimidade do Senhor, que fluem para todos os seres.

A fonte é uma revelação permanente de graças, compelindo-nos a refletir na providência celeste que tanto protege os Espíritos mais sábios quanto os embriões desconhecidos na profundeza do solo.

A flor é um apelo à sensibilidade, induzindo-nos a reverenciar a Perfeição excelsa, que distribui amor e beleza, em todos os recantos do caminho.

A grandeza do Céu nos rodeia, em toda parte, a fim de que a nossa visão se exercite, se ilumine e cresça…

Entretanto, meu irmão, costumas rogar poderes sobrenaturais para ver os sinais do Alto quando há tantas maravilhas em torno de teus pés!…

Se não procuramos enxergar a bênção próxima, como valorizaremos o dom ainda remoto por transcender a nossa capacidade de conhecimento? Se não cultivamos a fraternidade com o homem que respira ao nosso lado, como entenderemos o anjo distanciado de nossa posição evolutiva?

Lembra-te de que todo obstáculo é lição e de que o trabalho é a nossa estrada libertadora.

O coração amigo que te acompanha é alguém cuja abnegação deves reconhecer, antes que seja tarde, para que não acolhas o arrependimento infecundo; e o coração incompreensivo que te desajuda é sempre alguém que se faz credor do salário de auxílio fraterno para que a maldade e a ignorância diminuam na jornada de todos.

Abre os olhos e vê.
Quando Jesus se colocou ao encontro de nossas necessidades, trouxe, acima de tudo, o sagrado objetivo de nossa iluminação espiritual.

Não é preciso subir alguém ao Céu, prematuramente, a fim de entrar na posse de sublimes revelações.
O mundo é um compêndio gigantesco, em que nos cabe descobrir os recursos de melhoria e elevação.

Não te esqueças, pois, de que, abraçando os nossos deveres no abençoado serviço de cada dia, a experiência no bem conferir-nos-á ao Espírito a glória imperecível da divina visão.




Reformador — Janeiro de 1953.


Segundo consta da original, o soneto foi recebido em sessão pública na noite de 23/08/1950, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais. Não há referência de local.



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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