Cartas do Alto
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Você, meu amigo, se declara desalentado e assevera em desconsolo: “Estou positivamente vencido, sem estímulo para trabalhar. Sonhei a realização de tarefas sublimes e vejo tudo acabando em frustração. Depositei confiança e carinho em companheiros que me abandonaram, amigos outros me iludiram, largando-me em penosas experiências. Vivo sitiado pela incompreensão, batido no pó da dificuldade… Que fazer para revigorar-me, sobreviver?”
Não dispomos, caro irmão, de específico mais adequado para a cura do esmorecimento que a aplicação do Evangelho de Jesus, pois não foi ele mesmo, o divino Mestre, que nos advertiu: “Tende bom ânimo! Eu venci o mundo.”? (Jo
Ainda assim, para a nossa reflexão, recordaremos uma fábula antiga que já ouvi de fontes diversas e que se nos adapta, proveitosamente, ao assunto.
Conta-se que o Espírito das Trevas, certa feita, deliberou efetuar uma liquidação na loja de sua propriedade, colocando à venda as ferramentas de sua atividade usual.
No balcão, desse modo, jaziam expostas muitas delas com os rótulos que as definiam: “Ódio”, “Maledicência”, “Desespero”, “Inveja”, “Crime”… Em meio de todas, uma, porém, se sobressaía, em dourado, na forma de cunha, com o nome “Desânimo”. Semelhante utensílio mostrava enorme desgaste, entretanto era marcado como sendo o mais caro de todos. E quando alguém indagou quanto ao motivo de preço tão alto o Espírito da Sombra respondeu, simplesmente: “Esta ferramenta é a que uso com mais facilidade e a que me serve muito mais que as outras, porque pouca gente sabe que ela me pertence. É por isso que abro com ela milhares de corações que não consigo descerrar com as outras. E uma vez que me vejo no íntimo dessa ou daquela pessoa posso manejar todas as demais, à vontade, conseguindo alcançar a realização de todos os meus intentos”.
Como vê, meu caro, estudemos essa fábula simples e procuremos pensar.
Reformador — Fevereiro de 1971.
Também publicada no Brasil Espírita, informativo de divulgação das atividades do Conselho Federativo Nacional da FEB, de fevereiro de 1971, como suplemento da respectiva edição de Reformador.
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