Cartas do Alto

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Capítulo LX

Sigamos vigiando


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Compreendemos a expectativa angustiosa dos companheiros sinceros à face das imposições da lei humana e esperamos unicamente do Cristo a inspiração e a providência necessárias à execução dos nossos deveres evangélicos nos Círculos da carne, ou fora de suas expressões, mas em serviço, nas atividades terrestres.

O esforço sacrificial é crescente e seria desnecessário acentuar que os amigos desencarnados não podem indicar o caminho a seguir. Nossas estradas se identificam e entrelaçam em quase todas as características, e se os campos de ação diferem na estrutura essencial, nós, os trabalhadores, somos os mesmos.

Semelhantes afirmativas não constituem linguagem sibilina ou propósito de escapar ao exame direto do assunto. É, sim, respeito à lei universal da responsabilidade e do testemunho consciencial do discípulo no trabalho que foi chamado a cumprir. Estamos em luta e podemos esperar o assédio do mal e aquele “escândalo necessário”. (Mt 18:7) Entre o “fermento dos fariseus” (Mt 16:6) e o “pretório” onde os “Pilatos” (Mt 27:1) se multiplicam, o discípulo segue negando-se a si mesmo e carregando a cruz redentora. Este é, ainda, o caminho.

Nas emergências em curso, queremos lembrar que não existem dispositivos humanos que coíbam o ato de dar no instituto comum de fraternidade humana, ou que impeçam a oração sincera na manifestação universal dos melhores sentimentos das criaturas.

Recordando esse imperativo da vida, somos de parecer, igualmente, que se nunca deveremos negar a Deus o que é de Deus, sempre haverá um meio de atender a César (Mt 22:21) no capítulo de suas exigências mutáveis, em cada fase das grandes experiências coletivas.

Eis a razão pela qual consideramos que, se for necessário, devem os cristãos voltar às portas fechadas das catacumbas, mas que não apaguem a luz confiada às suas mãos.

Entendemos a complexidade das obrigações cometidas aos discípulos novos, em vista da leviandade com que se vão rotulando, com o nome de Espiritismo, imensas absurdidades e extravagâncias. É nesse acervo de incompreensões e intoxicações psíquicas que os discípulos fiéis encontrarão o seu testemunho, porque, na Terra, o justo suportará o peso das injustiças, qual aconteceu ao Mestre divino em sua passagem pelo mundo.

Nessa movimentação, porém, a liberdade entre os aprendizes é apanágio de cada um e cada qual deve ponderar quanto às suas possibilidades de testemunhar, como e quando, razão por que não podemos dizer “Marchemos cantando”, mas “Sigamos vigiando”. A hora não é de entusiasmos e sim de prudência; não é de inquietação, mas sim de oração ativa. De nós, nada temos, no entanto estou certo de que Jesus não nos faltará com o necessário ao cumprimento do nosso dever.

Esperamos que a sua misericórdia nos conceda, a nós, os companheiros desencarnados, a iluminação precisa para que possamos cooperar com o teu esforço e dos demais partícipes das grandes responsabilidades da Casa de Ismael.

É a súplica do menor dos teus irmãos,



Reformador — Agosto de 1976.


Referência às perseguições sofridas pela FEB. As edições de Reformador dos meses de outubro de 1974, página 308, e de março de 1976, páginas 67-68, aludem ao assunto.


Referência às perseguições sofridas pela FEB. Vide nota anterior.


Em referindo-se a Guillon Ribeiro, presidente da FEB em 1937.



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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