Cartas do Coração

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Capítulo I

Esperanto


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Esperanto — mensageiro

De encantados tempos novos

Erguerá nações e povos

Do campo de lodo e pó.

Da Harmonia timoneiro,

Que os portos da paz descerra,

Libertará toda a Terra,

Na glória de um mundo só!


Vemo-lo já, no futuro,

Fulgente, impávido e forte,

— Luz fraterna em sendas mil!

Chave de amor santo e puro,

Abrirá caminhos grandes,

Do altivo Himalaia aos Andes,

Da Cochinchina ao Brasil.


Nessa eminência sublime

Do mundo regenerado,

Não haverá Jove irado,

Cujos carros fugirão;

Nem purpúreos paramentos

Bebendo em festins sangrentos,

Nem purpúreos paramentos

De senhores da ilusão.


Seus luzidos estandartes

Brilharão no mundo inteiro,

Abolindo o cativeiro

A que a maldade conduz;

Convertendo os Bonapartes

Em benfeitores amados,

De canhões — forjando arados,

De balas — penas de luz!


Hífen de sol, religando

Os Templos da Humanidade,

Da grande fraternidade

Fazendo virtude e lei;

Orgulho triste e nefando,

Que torvas guerras produzes,

Espadas, fuzis, obuses,

Mentiras, trevas — tremei.


Na Terra inda há sombra inglória

Da noite do mundo velho,

Embora seja o Evangelho

O Amor que do Alto reluz!

No limiar da vitória

Das verdades do Infinito,

Esperanto! sê bendito

Ao doce olhar de Jesus!




Castro Alves
Francisco Cândido Xavier

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