Cartas do Coração

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Capítulo XLVIII

Mãos


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A vida é sempre

A harpa divina

Que podes tanger, miraculosamente,

Pela carícia de tuas mãos.


Quantas vezes, amigo,

Podes improvisar

O cântico da paz e a bênção da ternura

Com o simples movimento

Dos teus braços irmãos?


Escutaste, algum dia,

A música do afeto

Que nasce, doce e pura,

No tenro coração

Da criança que ajudas?


Conheces, porventura,

O hino de esperança,

De alegria e de sol,

A erguer-se sem palavras

Da alma reconhecida

Aos teus gestos de amor?


Há sempre um mundo vasto

De júbilo infinito,

A nascer de teus braços,

Toda vez que arremessas

Minúscula migalha

De nobre auxílio aos outros.


Aprende, enquanto é cedo,

A plantar sem limites

A ventura de todos

No trabalho bendito

Do progresso e da paz,

Porque se as mãos inertes

Se fazem antenas mortas,

Os braços que se elevam

No serviço comum

São sempre asas brilhantes

A desferirem voo,

No celeste caminho

Da harmonia e da luz.




Rodrigues de Abreu
Francisco Cândido Xavier


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