Na Seara do Mestre

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CAPÍTULO 29

A necessidade do momento

Na marcha de uma ideia, como na de um exército, cumpre observar com cuidado as necessidades que surgem em dados momentos, as quais nem sempre podem ser previstas e acauteladas previamente. Prever os imprevistos, isto é, contar com eles, faz parte das cogitações do bom estrategista. No desenrolar dos acontecimentos surgem problemas de cuja solução depende a vitória. Não é possivel traçar, de antemão, planos completos, maciços e irredutíveis, porquanto circunstâncias ocasionais podem, por vezes, reclamar alterações que, desprezadas, comprometem o êxito da campanha.

A marcha ascensional dos ideais consubstanciados na Terceira Revelação está reclamando, no momento, certas medidas indispensáveis ao prosseguimento da luminosa pugna. Menosprezá-las importará não só em sustar a arrancada realizada, como em comprometer o terreno já conquistado.

Queremos referir-nos à premente necessidade de criarmos educandários espíritas, onde os nossos filhos continuem recebendo, a par das disciplinas escolares, as noções doutrinárias cujos rudimentos já tenham sido ministrados nos lares.

Toda obra, seja de ordem material ou espiritual, ergue-se, naturalmente, sobre alicerces. Tais sejam estes, tal será a segurança do edifício que se constrói. A obra da regeneração social deve começar na criança. Fazê-la partir de outro ponto é construir sobre base movediça e instável.

Nunca será ocioso lembrar que o alvo do Espiritismo está na iluminação interior das almas aqui encarnadas.


Logrado este objetivo, todos os demais problemas serão solucionados sem delongas nem maiores dificuldades, de acordo com a magnífica visão de Jesus, quando disse: "Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça; tudo o mais vos será dado por acréscimo".

{Mateus 6:33.) O Reino divino das realidades da vida encontra-se nos refolhos da consciência humana. Ensinar os homens a descobri-lo em si próprios, e por ele se orientarem, eis a magna questão. Tudo o mais é acessório. Ora, a missão da Doutrina dos Espíritos é precisamente essa: esclarecer, iluminar a mente do homem, de modo que ele descortine, com clareza, o roteiro que o conduzirá à realização do destino maravilhoso que lhe está reservado.

O programa espírita que se desvia deste carreiro não corresponde às finalidades reais da Doutrina. Nota-se entre os espiritistas a preocupação de realizar cometimentos que se imponham pela sua vultuosidade. Todos se empolgam na contemplação de edifícios e de monumentos, deste ou daquele gênero. Sem tirar o valor de tais empreendimentos, cumpre, contudo, notar que acima deles está a iluminação das consciências.

É verdade que esta obra não aparece, não se revela de pronto, de modo a satisfazer ao nosso açodamento em colher, desde logo, o fruto da nossa sementeira. Não nos preocupemos com isso. O que é nosso às nossas mãos virá, não importa quando nem onde. Cumpramos o dever que o momento impõe. Deus dará a cada um o que de direito lhe caiba.

Se procurarmos saber qual a grande carência do mundo, neste momento angustioso que ora passa, chegaremos à conclusão de que a sua suprema necessidade é — compreensão. Se os homens tivessem compreensão, entender-se-iam facilmente, desaparecendo as causas da separação que os divide e infelicita.

À Terceira Revelação está destinada a missão de projetar na razão humana as claridades divinas.

A época em que estamos requer abnegação, renúncia e trabalho.

Com esses elementos, a Doutrina dos Espíritos consumará sua obra de regeneração individual e social.

O Espiritismo, para vencer, não precisa de vultosas somas; não precisa do bafejo dos grandes e poderosos da Terra; não precisa de numerosos prosélitos: basta que possa contar com o coração das mães, com a autoridade paterna dentro dos lares e com a modesta colaboração do mestre-escola.



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Mateus 6:33

Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.

mt 6:33
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