Cartilha da Natureza
Versão para cópiaA cangalha
Nos círculos de serviço, Toda a gente que trabalha Nem sempre sabe entender A nobreza da cangalha. Não fosse ela, entretanto, Que atende, promete e faz, E talvez o campo inteiro Viveria estranho à paz. Convenhamos na prudência Que vem do rifão de antanho Basta, às vezes, uma ovelha Para perder o rebanho. O muar deseducado, Que a força brutal anime, Nunca perde ensejo ao coice E está sempre pronto ao crime. Vive ao léu, ameaçando A golpes de grosseria; Aparentando brandura, Transborda selvageria. Transforma-se, comumente, No animal rude e vilão, Que se esquiva do trabalho, Por preguiçoso e ladrão. Todavia, chega o instante Em que a cangalha, bondosa, Comparece orientando, Honesta, laboriosa. Ligada por laço forte Ao amigo da indolência, Dá-lhe os bens da utilidade Em luzes de experiência. Perguntemos a nós mesmos, Notando-a, modesta e bela, Quais os homens deste mundo Que podem viver sem ela. O dever, como a cangalha, Que tanta grandeza encerra, É a balança de equilíbrio Nas vidas de toda a Terra. |
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