Cartilha da Natureza
Versão para cópiaO barbicacho
Por vezes, na atividade Das viagens, do transporte, O animal em disparada Promete desastre e morte. Por mais que sustenha a rédea E colabore o cocheiro, Em tudo, paira a ameaça De rumo ao despenhadeiro. Trabalhos imprescindíveis Sofreriam dilação, Se o condutor não agisse Com firmeza e precisão. Antecipando o terror Da descida, abismo abaixo, O montador ou o cocheiro Recorrem ao barbicacho. Reage o animal teimoso, Rebela-se e pinoteia, Mas tudo cessa de pronto, Na apertura da correia. Se busca saltar de novo Sob fúria mais violenta, Eis que lhe vaza da boca Espuma sanguinolenta. De queixo posto no entrave, Qualquer coice dado a esmo, Se pode ofender aos outros, Dói muito mais nele mesmo. Em pouco tempo o rebelde, Agora sem mais descanso, Trabalha tranquilamente Humilde, bondoso e manso. Assim, também muita gente Em falsa compreensão, Ao invés de trabalhar, Faz queixa e reclamação. Contudo, à beira do abismo, Antes da queda ao mais baixo, Recebem os linguarudos A bênção de um barbicacho. |
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