Cartilha da Natureza
Versão para cópiaO esterco
O esterco que esgalha o bem, Vive em luta meritória; Se é pobre, tem seu proveito, Seu caminho, sua história. Quase sempre, chega aos montes Dos redis e dos currais, Escuros remanescentes Da esfera dos animais. De outras vezes, vem das zonas De imundície e esquecimento, Onde a vida se transforma Em triste apodrecimento. Em outras ocasiões, É detrito das estradas Lixo estranho e nauseabundo Das taperas desprezadas. É a decadência das coisas No resumo do imprestável, Fase rude e dolorosa. Da matéria transformável. Em síntese, todo esterco É derrocada ou monturo Que das sombras do passado Lança forças ao futuro. Analisando esse quadro, Veremos que a podridão Vai ser cor, perfume, fruto, Doçura e renovação. Notemos, porém, que a flor Vibra ao alto, linda e santa, Enquanto o adubo não passa Do solo, dos pés da planta. Na vida também é assim: O erro, a miséria, o mal, Podem ser algumas vezes, Esterco espiritual. Todavia, é necessário Que das lutas, através, Aproveitemos o adubo, Esmagando-o sob os pés. |
Este texto está incorreto?