Cartilha da Natureza
Versão para cópiaA cova
Raro é aquele que medita Contemplando a terra impura, No trabalho peregrino Da cova pequena e escura. Assemelha-se à ferida Sobre a leira dadivosa, Indício de golpes fundos Da enxada laboriosa. Mas, na essência, a cova simples, Singela, desconhecida, É o altar da Natureza, Celebrando a luz da vida. É seio aberto à beleza, Ao bem que se perpetua, A existência renovada Que se eleva e continua. É o sepulcro onde a semente, Em sombra e separação, Vai, morrendo, reviver Nas bênçãos da Criação. E eis que a vida se elabora Nessa doce intimidade, Renovando-se aos impulsos De força e imortalidade. Depois do apodrecimento, Germinação e esplendores, Verdes galhos de esperança, Tenros ninhos promissores. Mais tarde, o tronco, a colheita Na fartura indefinida… Tudo, a obra generosa Da cova humilde e esquecida. Esse símbolo expressivo Vem lembrar, à criatura, O campo do cemitério E o quadro da sepultura. Inda aí, a cova amiga É sempre o sublime umbral, Porta, aberta ao crescimento No Plano espiritual. |
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