Cartilha da Natureza

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Capítulo LIX

O grande rio


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Em marcha laboriosa,

No sulco amplo e sombrio,

Profundo e silencioso

Eis que passa o grande rio.


Ao seu seio dadivoso,

Afluem fontes da serra,

Ribeiros de níveis altos,

Detritos de toda terra.


O rio mais elevado

Desce os montes à procura

De sua paz generosa

Na marcha calma e segura.


Por saber harmonizar-se

Nos bens do mais baixo nível,

Conserva toda a imponência

Da grandeza indefinível.


Faz caminhos gigantescos,

Cria povos eminentes,

É ele quem leva ao mar

As águas dos continentes.


É pai das economias

De todo o humano labor,

Mas quase ninguém se lembra

Dessa dívida de amor.


Que importa, porém? O mundo

É o homem que esquece e cai,

Sem ver a missão do bem,

Nas bênçãos do próprio Pai.


O grande rio conhece

A luz desse imenso arcano,

Sobre o nível mais humilde

Busca a força do oceano.


Assim também a alma grande,

Nas últimas posições,

Recebe as ânsias de paz

De todos os corações.


Em dores silenciosas,

É o grande rio que vai,

Dando o bem a todo o mundo,

Em busca do amor do Pai.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier

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