Cartilha da Natureza

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Capítulo LXXX

O incêndio


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Elevam-se labaredas…

O fogo ameaçador

Foi centelha, mas agora

É incêndio devorador.


Ninguém lhe conhece a origem

Obscura, nebulosa,

Ninguém sabe onde se oculta

A mão rude e criminosa.


A fogueira continua

Buscando mais alto nível,

Aumentando de extensão

Quanto ganha em combustível.


Estalam antigos móveis,

Prossegue a destruição;

Em torno anseio infinito,

Amarga desolação.


Língua rubra, formidanda,

Varre agora a cumeeira.

Toda a casa se esboroa…

Sob a ação dessa fogueira.


Desdobra-se o nobre esforço

De amparar e socorrer,

A bondade põe-se em campo,

Ciosa do seu dever.


Entretanto, embora o auxílio

Dos trabalhos de emergência,

A nota predominante

É o carvão da experiência.


Assim é o mal neste mundo:

A princípio, sem que doa,

Envolve a perversidade

Em forma de coisa à-toa.


Depois, é o braseiro extenso,

O furor incendiário,

Que atinge distância enorme

Com a lenha do comentário.


Vigia-te a cada instante,

Atende, pensa, examina!

Todo incêndio começou

Na fagulha pequenina.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier

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