Cartilha da Natureza

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Capítulo XXXVIII

O mármore


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No gabinete isolado

Dos serviços de escultura,

Há muita coisa que ver

Com a vida da criatura.


O mármore chega em bloco

Dos centros da Natureza,

Em trânsito para o campo

Do espírito e da beleza.


É pedra, vai ser tesouro;

É rude, vai ser divino;

Todavia, não se sabe

Quando chega ao seu destino.


Golpe aqui, golpe acolá,

O artista começa a luta,

É o sonho maravilhoso

Amando a matéria bruta.


As arestas vão caindo…

É a carícia do martelo

Desponta o primeiro traço

Vigoroso, firme e belo.


O cinzel fere e desbasta,

E, às vezes, pede o formão.

O artista prossegue atento

Dando vida à criação.


Golpes fundos, ferimentos…

Mas, eis quando se aproxima

O termo do esforço longo

Na aquisição da obra prima.


Depois, é a joia formosa,

De valor alto e profundo,

Que as fortunas de milhões

Não podem fazer no mundo.


Esse mármore da Terra,

No fundo, é qualquer pessoa,

O artista é o tempo, e o cinzel,

A luta que aperfeiçoa.


Quando os golpes de amargura

Te cortarem o coração,

Recorda o cinzel divino

Que dá forma e perfeição.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier


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