Cartilha da Natureza

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Capítulo LI

O açude


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Vai-se o inverno frio e longo,

Volta o tempo desejável.

O açude prossegue sempre

Na harmonia inalterável.


Espelho caricioso

Refletindo o céu de anil,

É lençol de luz e ouro,

Na tarde primaveril.


Durante o dia sem sombras,

Retrata o Sol a brilhar,

Quando a noite vem descendo

Guarda os raios do luar.


Tudo isso é um quadro lindo,

Mas não é só. A represa

É a mensagem da prudência

No apelo da Natureza.


O açude não priva as águas

De manter seus bons ofícios,

Mas sabe guardar as sobras,

Evitando os desperdícios.


No organismo inteligente

De suas disposições,

Fornece canais amigos

Em todas as direções.


E surgem forças cantando,

No pão, na luz, no agasalho.

É a vitória da alegria,

Na abundância do trabalho.


Se a represa não guardasse

Com prudência e com carinho,

Faltaria o necessário

Nos celeiros do caminho.


Se o perdulário entendesse

O ensinamento do açude,

Jamais choraria a falta

Do sossego e da saúde.


Guardar o que seja justo,

Sem torturas de avareza,

É da prudência divina

No livro da Natureza.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier


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