Cartilha da Natureza

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Capítulo LXXXI

A tempestade


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Quando o ar é sufocante,

Quando a sombra tudo invade,

Eis que chegam de repente

Os carros da tempestade.


Trovões, coriscos, estalos,

Granizos, treva, aspereza;

São convulsões dolorosas

Das forças da Natureza.


Velhas copas opulentas,

Antigas frondes em festa,

Tombam gritando assustadas

Na escuridão da floresta.


Os furacões implacáveis

Matam flores, levam ninhos;

A corrente do aguaceiro

Muda a face dos caminhos.


Mas no dia que sucede

As sombras da convulsão,

A terra é limpa e tranquila

Na paz da vegetação.


O céu é claro-azulado,

O dia é de linda cor,

Tudo chama novamente

A nova expressão de amor.


Quem não teve em sua vida

A tempestade também?

Depois de tudo arrasado,

Floresceu, de novo, o bem.


Aflições e desencanto,

Renovação de ideais,

Desilusões dolorosas,

Desabamentos fatais.


Deus, porém, jamais esquece

De atender e renovar;

Apenas pede aos seus filhos

A energia de esperar.


Caso venha a tempestade,

Guarda a força calma e sã.

Deus é Pai. Ora e confia.

A vida volta amanhã.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier


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