100 Anos de Chico Xavier

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CAPÍTULO 32

Brasil da paz


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Na caverna primitiva,

Armada de pedra e clava,

A Terra move-se escrava

Do Sul ao Setentrião.

Sob o medo que a domina,

Espessa nuvem a encerra:

É o carro estranho da guerra,

Gerando destruição.


Desde os lêmures remotos

À Atlântida bela e flórea,

Hoje segredos da História

No torvo arquivo do mar,

Suplicam povos nascentes:

— “Viver e amar!… Ao porvir!…

Crescer, lutar, construir!…”

E a guerra pede: “arrasar!…”


Das glebas remanescentes

Aninha-se na Caldeia,

Paira fremente na ideia

Dos seguidores de Deus!…

Antigos povos pastores

Bradam rixas e vinganças

E empunham pérfidas lanças

Na guerra dos filisteus.


Filósofos pregam paz

Sobre espadas e tambores.

Há novos conquistadores

Decretando novas leis…

Passa a rude caravana.

Sesóztris, Ramsés, Cambises

E as multidões infelizes,

Seguindo sobas e reis.


Um dia, Alguém contra o ódio

Desce da Altura Infinita,

Faz-se a palavra bendita

De vida, verdade e amor,

Mas a voz da crueldade

Dirige-se em rumo certo

E impõe-lhe, a cenário aberto

A morte de malfeitor.


Desde Jesus, entretanto,

Cresce a Divina Demanda,

O bem sugere e comanda

No direito natural…

Tantas armas se acumulam,

Tanta violência subleva

Que a treva receia a treva

E o mal sente o horror do mal…


No contexto das Nações

Eis que o duelo se atiça,

Mas a chama de Justiça

Acende a luz da razão;

Rogam-se ajustes, tratados,

Cessação de toda luta.

Concórdia, amparo, permuta,

Auxílio e cooperação.


Brasil, no posto da paz

Em que a vida te agasalha,

Serve, abençoa, trabalha

Na fé a que o Céu te induz!

E ainda que o ódio estoure,

Clama, em brado soberano,

Que em todo conflito humano,

O vencedor é Jesus.


Castro Alves




Castro Alves

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