Chico Xavier - Dos Hippies aos Problemas do Mundo

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Capítulo XIX

Milagres


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— E a homenagem que prestamos ao cinema brasileiro, na presença do artista e homem sério Anselmo Duarte.

— Ao nosso caro irmão Chico Xavier é para mim uma honra poder dirigir a palavra a você, e fazer uma pergunta que tenho a impressão que seria uma pergunta que muita gente gostaria de fazer. O que pensa você, como analisa os chamados milagres da Igreja Católica, ou seja, o aparecimento, aparição de Nossa Senhora mãe de Cristo, em Lourdes, em Fátima, e no caso de tratar-se de uma materialização espiritual, queria saber se em algumas oportunidades os chamados santos da Igreja Católica, têm deixado mensagens através da religião espírita?

— Nós nos sentimos muito honrados com a pergunta do nosso grande líder de arte no Brasil que é o nosso querido e festejado Anselmo Duarte. Em nossa infância, e na primeira juventude, frequentamos a Igreja Católica com o mesmo respeito com que nos dirigimos hoje a uma reunião espírita cristã, e sempre sentimos, reconhecemos, dentro da Igreja Católica, prodígios de espiritualidade, inimagináveis. Muitas vezes, principalmente nas missas da manhã, quando era possível a comunhão de vibrações espirituais de todos os crentes numa só faixa de espiritualidade, e de fé em Jesus, tivemos oportunidade de ver Espíritos santificados que abençoavam as hóstias, e elas se transformavam como se fossem flores de luz, que o sacerdote oferecia na mesa da comunhão. Muitas vezes, principalmente no altar daquela que nós veneramos como sendo nossa Mãe Santíssima, vimos irradiações de luz que alcançavam toda a assembleia, do altar consagrado a Santa Terezinha de Lisier, muitas vezes vi partirem rosas trazidas por criaturas desencarnadas, amigos e amigas católicos da cidade de Pedro Leopoldo, sem que eu pudesse explicar o fenômeno. Tivemos ocasião de, por misericórdia de Deus, e com o amparo da comunidade espírita cristã, e sobretudo com a assistência de dois amigos extremamente queridos para nós, um de Uberaba e outro de São Paulo, tivemos oportunidade de visitar pessoalmente a cidade de Lourdes, e vimos ali demonstrações extraordinárias de fé, sentimos a espiritualidade do Evangelho, na cidade de Lourdes, como se o Cristianismo estivesse renascendo na procissão em toda a sua pureza. Portanto, todos os fenômenos de bondade divina, através da Igreja Católica, que nós consideramos como mãe de nossa civilização, eles todos são legítimos, credores de nossa veneração. Nós não estamos separados, os evangélicos reformistas e nem os espíritas cristãos, por diferenças fundamentais. Os Espíritos nos ensinam que nós estamos em faixas diferentes de interpretação, mas somos uma família só, diante de Nosso Senhor Jesus Cristo, e que reverenciamos em sua santidade, o Papa, em nossos eminentes cardeais do Brasil, protetores da nossa fé. Nós não podemos esquecer isto, e amamos a religião tradicional em tudo o que ela tem de belo, em tudo o que ela tem de divino, embora estejamos pessoalmente na faixa do Espiritismo cristão, dentro das conceituações de Allan Kardec, porque a mediunidade nos chamava para esse campo de trabalho que também é profundamente cristão, e para ele um dia partimos das nossas atividades da Igreja Católica, com a benção do sacerdote a quem nós amávamos como se ama a um pai.


— Pode-se dizer então ecumenicamente que religião boa é a que melhora o homem?

— A religião é sempre boa, e toda religião boa, isto é, fundada nos princípios do bem, que torna os homens bons, essa religião é um processo de ligação, processo de comunicação, vamos dizer assim, nos conceitos modernos de nossa vida nos tempos de hoje, é um processo de nossa comunicação com as forças divinas, que emanam de Deus. Todas as religiões que objetivam o burilamento da criatura humana, toda religião que nos traz esta legenda de paz e de amor, autênticos, mas profundamente autênticos, sem nenhuma ofensa para ninguém, sem nenhuma desconsideração para ninguém, a que se referiu o nosso querido entrevistador, Dr. Durval Monteiro, toda religião baseada nestes princípios, é um caminho santo, que nós, como espíritas cristãos, respeitamos, e devemos respeitar cada vez mais.


— Chico, estamos nos aproximando de 3 horas de programa. Tenho certeza que nem o público presente a este auditório, nem os telespectadores estão cansados, mas acredito que você já comece a sentir um certo cansaço.

— Não.


— Vou pedir ao Saulo que formule mais uma pergunta a um espectador do auditório, ou telespectadora, para que possamos então passar à penúltima rodada da noite, porque a última você mais ou menos sabe de que forma irá se desenvolver.



Francisco Cândido Xavier

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