Chico Xavier e suas Mensagens no Anuário Espírita
Versão para cópiaVida e amor
São dois corações fraternos Que se fitam encantados, Dizem amigos em torno Que eles já são namorados. Permutam palavras lindas Trocam pétalas douradas, Passeiam, todas as noites, Beijando-se nas estradas. Lembram fatos, contam casos Da mais diversa expressão, São felizes, a contento; Anunciam-se em noivado E combinam casamento. O enlace foi realizado, Segundo normas antigas, Preces, doces e presentes, Em meio a vozes amigas. Juntos agora sorriem, Resguardando a luz da paz, Pois, fazem o que desejam Buscando o que lhes apraz. Findos, porém, poucos meses, Chega o tempo de fastio, Ela mostra a face triste, Ele tem o olhar sombrio. Quando ele chega, ela diz: — Abre o teu rosto fechado! Ele fala: — Se eu tivesse refletido, Jamais teria casado. E o casal vive em silêncio, Sofrendo amarga tensão, Ao invés de procurar A própria conciliação. Trocavam palavras feias Arrufos, queixas, conflitos, Quanto mais corria o tempo, Mostravam-se mais aflitos. Queriam que o mundo fosse Belo jardim, mas não é… Declaravam-se quais ateus, Entretanto, resguardavam Migalhas da própria fé. Surgiu momento mais triste. Alegou que o chefe, o doutor Matias, Pediu-lhe abnegação De viajar por três dias. Era assunto de seu cargo!… A esposa lançou protesto, Mostrando um sorriso amargo. Ele se ergueu e exclamou: — Minha vida fez-se um osso, Nisso, uma serva avisou: — Tudo pronto para o almoço. Logo após, ele fez-se ausente Para cumprir o dever. A esposa recusou a despedida, Não sabia o que fazer. Depois da ausência, ei-lo de volta. Entrou em casa devagarinho, No quarto, notou a esposa Vestindo um pequenininho… Ao vê-lo exclamou, contente: — Nasceu nosso filho amado… Ele abraçou-a cortês, Em seguida, pôs-se de lado. Contemplava o pequenino, Como quem pensa e compara, Que mostrou nos sinais dele, A cópia da própria cara. Disse alegre: — “Minha flor, Ele terá meu carinho, Agora já temos em casa, Nosso esperado filhinho!” Beijou a senhora em pranto, Perdendo o jeito tristonho; Unidos ante o recém-nato, Fitando os mantos seus, Abraçaram-se felizes, Rendendo graças a Deus. Contei esta história longa, Em que o amor se descerra, Para dizer que a família É a Bênção Maior da Terra. Primeiro veio a vontade E a atração a se interpor; Diz que acima da amizade É que brilha a luz do amor. |
(Anuário Espírita 1993)
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