Chico Xavier - Mandato de Amor

Versão para cópia

Agradecimentos

— Jornal Estado de Minas — Belo Horizonte — MG.

, in memorian

— Jornal Diário da Manhã — Goiânia — GO.

— Rio de Janeiro — RJ.

.

— Centro Espírita Amigos na Dor — Boa Esperança — MG.

, in memorian

— Juiz de Fora — MG.

— Revista Presença — Goiânia — GO.

, in memorian

— Sobradinho — DF.

— Centro Espírita União — São Paulo — SP.

, in memorian

— Juiz de Fora — MG.

, in memorian — Jornal Seara Juvenil — Juiz de Fora — MG.

, in memorian

— Jornal O Triângulo Espírita — Uberaba — MG

— Campos — RJ.

— São Paulo — SP.

— Goiânia — GO.

— Uberaba — MG.

— Pitangui — MG.

— Biblioteca de Economia da UFMG — Universidade Federal de Minas Gerais

— Jornal A Folha Espírita — São Paulo — SP.

— Centro Espírita União — São Paulo — SP.

, in memorian

— Goiânia — GO.

— Matão — SP.

— Brasília — DF.

— Juiz de Fora — MG.

— Livraria Espírita Boa Nova -São Paulo — SP.



Francisco Cândido Xavier

Preâmbulo

“Berço e túmulo são simples marcos de uma condição para outra.”

“Somos responsáveis por nossa tragédia e por nossa glória.”




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

Saudação de Emmanuel

A mensagem da página anterior [fac-símile abaixo] foi psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, de trás para diante, no idioma inglês, na sede da União Espírita Mineira, após concerto em benefício do Abrigo Jesus, realizado em 4 de abril de 1937, pelo exímio violinista Levino Albano Conceição, cego desde os sete anos de idade. Esta linda saudação, recebida em dois minutos, escrita em caracteres invertidos, poderá ser lida em um espelho, em cuja frente deverá ser colocada. Lê-se, então, o seguinte:


“My dear and generous friends of the fraternity’s doctrine.

Good health and peace in God, our Father!

Let us learn the life in the love’s law, from the instructions of Jesus Christ; Except this work almost in the earthly word represent the struggle and studies of the vanity and from the darkness of the little men’s science.


Your brother,




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

Apresentação

Prezado Leitor,


No livro “Nos Domínios da Mediunidade” (1955), psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, encontramos a definição do que seja um mandato mediúnica

Em seu capítulo 16, André Luiz, o autor espiritual, recolhendo as instruções de Áulus, relata-nos a associação mediúnica entre a médium D. Ambrosina e o seu mentor Gabriel, configurando-a na excelência de um mandato mediúnico.

Destacamos os seguintes trechos do referido capítulo para nosso mútuo esclarecimento:

“Ambrosina, há mais de vinte anos sucessivos, procura oferecer à mediunidade cristã o que possui de melhor na existência. Por amor ao ideal que nos orienta, renunciou às mais singelas alegrias do mundo, inclusive ao conforto mais amplo do santuário doméstico, de vez que atravessou a mocidade trabalhando, sem a consolação do casamento” (…)

(…) “A médium vive em constante contato com o responsável pela obra espiritual que por ela se realiza” (…)

(…) “Pelo tempo de atividade na causa do bem e pelos sacrifícios a que se consagrou, Ambrosina recebeu do Plano Superior um mandato de serviço mediúnico, merecendo, por isso, a responsabilidade de mais íntima associação com o instrutor que lhe preside as tarefas. Havendo crescido em influência, viu-se assoberbada por solicitações de múltiplos matizes. Inspirando fé e esperança a quantos se lhe aproximam do sacerdócio de fraternidade e compreensão, é, naturalmente, assediada pelos mais desconcertantes apelos” (…)

(…) “Simboliza uma ponte entre dois mundos, entretanto, com a paciência evangélica, sabe ajudar aos outros para que os outros se ajudem, porquanto não lhe seria possível conseguir a solução para todos os problemas que se lhe apresentam” (…)

Mais adiante, indagando-se sobre o significado de extenso laço fluídico através do qual a médium e o dirigente se associavam tão intimamente um ao outro, Áulus elucida:

(…) “Quando o médium se evidencia no serviço do bem, pela boa vontade, pelo estudo e pela compreensão das responsabilidades de que se encontra investido, recebe apoio mais imediato de amigo espiritual experiente e sábio, que passa a guiar-lhe a peregrinação na Terra, governando-lhe as forças. No caso presente, Gabriel é o perfeito controlador das energias de nossa amiga, que só estabelece contato com o Plano Espiritual de conformidade com a supervisão dele”. (…)

(…) “Um mandato mediúnico reclama ordem, segurança, eficiência” (…)

Mais avante, Áulus sentencia, concludente:

(…) “Raras são as criaturas que obtêm um mandato mediúnico para o trabalho da fraternidade e da luz” (…)

Transcrevemos, inicialmente, essas instruções espirituais para que possamos ajuizar com clareza sobre a razão de ser deste livro e a escolha de seu título.

Francisco Cândido Xavier, o amado Chico Xavier, que todos estimamos por exemplar apóstolo da paz e da luz na face da Terra, e Emmanuel, seu tutelar mentor espiritual, a quem todos reverenciamos por luminar missionário da evangelização na pátria do Cruzeiro, estão completando hoje, 8 de julho de 1992, 65 anos sucessivos de dedicação absoluta ao serviço da consolação, oferecendo à mediunidade cristã o que possuem de mais sagrado e sublime, numa epopeia de renúncias e sacrifícios cm favor da renovação humana.

Por amor ao ideal espírita-cristão, consagraram-se a causa do bem, inspirando fé e esperan4a a quantos se lhe aproximam do sacerdócio de fraternidade.

Simbolizando uma ponte entre dois mundos, estenderam aos dois planos da vida a compreensão do “amai-vos uns aos outros”, pelo serviço ao próximo.

Devotando-se à verdade, desde o início de suas tarefas, com boa vontade, estudo e perseverança inauditos, permanecem, ainda hoje, cumprindo as responsabilidades de que se encontram investidos com sincera fidelidade à codificação kardequiana, com extrema lealdade ao Nosso Senhor Jesus Cristo, e com acendrado amor a Deus, Nosso Pai Criador.

Por isso mesmo, pela ordem, pela segurança e pela eficiência da ação renovadora que imprimiram ao campo moral da Humanidade terrestre, vencendo fronteiras e obstáculos com humildade e bom ânimo, paciência e perdão, Francisco Cândido Xavier e Emmanuel incluem-se no rol das raras criaturas que obtiveram dos céus um MANDATO DE AMOR.

Este o nome do livro que ora lhe ofertamos, caro leitor, organizado dentro de nossas limitações, com um profundo sentimento de gratidão aos dois vanguardeiros da Espiritualidade.

Apresentamo-lo com a alegria de poder ofertar-lhe uma notícia, ainda que pálida, de alguns aspectos sobre a missão de amor dos dois seareiros do Mestre Nazareno.

Pesquisando o arquivo histórico da União Espírita Mineira, entidade federativa estadual e Casa-Máter do Espiritismo em Minas Gerais, conseguimos reunir, com a colaboração de diversos amigos, alguns artigos, casos, depoimentos, entrevistas, testemunhos, cartas e curiosidades em torno das tarefas espirituais do médium mineiro.

Grande parte deste acervo de notícias foi veiculada, através dos anos, pelas páginas do jornal “O Espírita Mineiro”, permanecendo, porém, ainda hoje, inédita em termos editoriais.

Destaca-se, sobremaneira, do conjunto, a beleza e a espiritualidade de várias poesias e mensagens psicografadas pelo querido médium, em sua maioria na própria sede da União Espírita Mineira, desde os idos de 1932.

Merece nota, igualmente, a preciosa suíte fotográfica em torno do grande amigo, que juntamos à presente edição.

A todos quantos colaboraram para que este projeto editorial se concretizasse, o nosso reconhecimento.

A Francisco Cândido Xavier e a Emmanuel dedicamos este singelo esforço, através do qual pretendemos registrar comemorativamente o transcurso do 6.° ano de suas atividades mediúnicas com Jesus e Kardec.

Nossa gratidão se eleva em forma de preces a Deus, Nosso Pai Celestial, rogando a Ele que os abençoe e os recompense um tanto mais.

Belo Horizonte, 8 de julho de 1992.


Geraldo Lemos Neto

Departamento Editorial da União Espírita Mineira.


II

“Gratidão”

Revistas, jornais, programas televisados, notícias divulgadas pelas emissoras de todo o País, palestras e testemunhos escritos e falados, têm se referido à data abençoada dos 65 anos de mediunidade de nosso amado Chico Xavier.

As páginas se sucedem, multiplicam-se, desdobram-se, plenas do mais sublime conteúdo espírita-cristão.

Entretanto, se captado fosse o bater dos corações que agradecem a Deus pela tarefa do seareiro da mediunidade com Jesus, no transcorrer destes 65 anos de labor intenso, ininterrupto e rico de amor, certamente a amplitude do potencial da vibração emitida romperia as barreiras da resistência dos sentidos humanos.

A mensagem escrita, falada ou televisada alcança fronteiras delimitadas à sua potencialidade de expansão, circunscrita a espaços tecnicamente calculados. Contudo, a força de alcance do sentimento transcende fronteiras previstas pelo homem, atinge o Infinito, cantando sua manifestação de amor, em pouso, junto às mais cintilantes estrelas perceptíveis à vista humana, impulsionada pelo coração agradecido. As vibrações atingem o Cosmo, que se torna pequeno ante a grandeza do amor, aninhando-se no seio de nosso Pai de Misericórdia, lembrando-nos a referência de Dante em relação a Beatriz: “o amor que move as estrelas”.

É dentro desta ideia que a União Espírita Mineira, elaborando este livro, vibra de amor e gratidão, envolvendo com carinho e reconhecimento, pela bênção de sua vida entre nós, o nosso querido e sempre amado Chico Xavier, o eterno Chico.

Compreendemos a singeleza de nossas expressões sobre o querido Chico. Deus, porém, sabe da realidade e da dimensão de nosso sentimento, embora possamos apenas avaliar-lhe a trajetória visível aos nossos olhos, visto que a espiritual não podemos imaginar, bem sabemos.

Confiamos na generosidade deste coração amigo e escrevemos estas linhas que pretendem traduzir o que sentimos, testemunhando-lhe o nosso amor e reconhecimento pelo que nos tem sido prodigalizado, em todos estes anos, por ele, Chico Xavier, o médium da terceira revelação.

Não fora seu espírito de doação e renúncia, não teríamos, hoje, nossa casa de trabalho na condição em que se encontra. E, com plena consciência, reconhecemos que muito melhor ela poderia estar, se, ao longo desses anos, tivéssemos tido olhos para ver e ouvidos para ouvir.

Deus lhe pague, Chico Xavier. Jesus o abençoe, querido amigo.


Maria Philomena Aluotto Berutto

Presidente da União Espírita Mineira


III

“8 de julho de 1927”

Francisco Cândido Xavier iniciou, publicamente, seu mandato mediúnico em 8 de julho de 1927, em Pedro Leopoldo, então uma pequenina cidade situada, mais ou menos, a quarenta minutos de Belo Horizonte, a bela capital mineira.

Pedro Leopoldo cresceu, progrediu, graças ao espírito empreendedor de sua gente boa e hospitaleira, sendo, hoje, uma cidade grande e bonita, sem perder, contudo, os ares de cidade interiorana.

8 de julho de 1927!

65 anos de incessante trabalho, da maior significação espiritual, dedicado à Humanidade, abrangendo seus mais diversos segmentos.

Ao longo desse tempo, o médium mineiro não tem conhecido repouso, não sabe o que é descanso, pois descanso e repouso, no dicionário do querido companheiro, sinonimizam atividade, traduzem serviço.

Dias e noites têm sido por ele ofertados aos seus semelhantes, com sacrifício da saúde que, na verdade, nunca foi “de ferro”. Problemas orgânicos acompanharam-lhe a mocidade e a madureza. Hoje, nos abençoados 82 anos de sua vida corporal, a, dificuldades físicas continuam trazendo-lhe problemas. Releva observar que as doenças oculares e as intervenções cirúrgicas jamais o impediram de cumprir, fiel e dignamente, sua missão de amparo aos necessitados. Sua postura é uma só, obedece a uma só diretriz: amor ao próximo, desinteresse ante os bens materiais, preocupação exclusiva e constante com a felicidade do próximo.

Ricos e pobres, velhos e crianças, homens e mulheres de todos os níveis sociais têm encontrado, no homem e no médium Chico Xavier, tudo quanto necessitam para o reajuste interior, para o crescimento, em função do conhecimento e da bondade.

A União Espírita Mineira teve sempre em Chico Xavier o irmão querido, o amigo de todas as horas.

Em Pedro Leopoldo, até o começo de 1959, e em Uberaba, a partir de então, sua palavra carinhosa tem-nos sido apoio e caridade.

Esta edição constitui oferenda de amor, tributo de reconhecimento ao obreiro incansável, valoroso e abençoado. Dedicamos-lhe, Chico, esta edição assinaladora dos 65 anos de sua atividade pública como médium, embora desde os 5 anos de idade o seu relacionamento com os Espíritos, inclusive o de sua extremosa mãe — D. Maria João de Deus — venha se verificando em nível da mais comovente elevação.

O que estamos republicando, em termos de notas e fotos, tem, a nosso ver, significação muito profunda para a comunidade espírita, visto que registra episódios mediúnicos, enfocando também a imagem de um homem simples, bom e humilde.

Francisco Cândido Xavier é um presente divino para o século XX, enriquecendo-lhe os valores com a sua vida de exemplar cidadão, com milhares de mensagens psicográficas que, em catadupas de paz e luz, amor e esclarecimento, vêm fertilizando o solo planetário, sob a luminar supervisão de Emmanuel, nome que pronunciamos e escrevemos sempre com o maior respeito e carinho.


José Martins Peralva Sobrinho

Vice-presidente da União Espírita Mineira



Geraldo Lemos Neto
Francisco Cândido Xavier

Espíritas, unamo-nos!…

Recordar é viver, de novo, as emoções de um acontecimento que se perde nas brumas do tempo.

Vamos, pois, todos que viveram as emoções de uma noite de agosto do longínquo 1939, recordar…

Corria o ano da graça de N. S. Jesus Cristo de 1939, e o Centro Espírita Luz, Amor e Caridade realizava concorrida reunião solene para dar posse a sua nova Diretoria, que teria mandato de 1939-1940, ocasião em que fora escolhido para a Presidência o saudoso confrade Bady Elias Curi, mais tarde presidente da União Espírita Mineira.

Muitos companheiros queridos, abrilhantando a solenidade, inclusive a simpática e querida figura do professor Cícero Pereira, na época presidente da Casa Mater de Minas, distinguido com o convite para presidir o ato solene.

Geraldo Benício Rocha, que integrava o Grupo Meimei, de Pedro Leopoldo, fora escolhido 1° secretário da Diretoria que se empossava.

Entre os convidados, a figura querida de todos de um jovem de 29 anos de idade, escondendo-se na sua modéstia, ocultando-se na sua humildade. O seu nome: Francisco Cândido Xavier, nosso querido companheiro, hoje residindo em Uberaba, desde 1959.

A certa altura da brilhante solenidade, que teve expressivo concurso do presidente empossado, Bady Elias Curi, a assistência, em silêncio, concentra-se para que o moço Chico Xavier, com o lápis entre os dedos e laudas de papel diante de si, aguarde a presença, pela psicografia, dos amigos espirituais.

Geraldo Rocha, redigindo a ata, registra no livro próprio as seguintes palavras: Dos momentos que se seguiram à palavra de Bady Curi, que, ainda uma vez, dirigiu-se à assistência, convidando-a à prece, para que o médium Francisco Cândido Xavier, pioneiro da propagação evangélica no Brasil, já pelas obras extraordinárias e incomparáveis faculdades, como ainda pela bondade de seu coração, devotamento, honestidade e humildade insuperáveis, entrasse em comunicação com a alma de luz, que é o seu guia espiritual Emmanuel, que nos trouxe, com a afluência das fontes cristalinas do seu saber, do seu amor e da sua cultura, o que transcrevo:


ESPÍRITAS, UNAMO-NOS!…

Meus amigos, que o Cordeiro de Deus vos encha o coração de muita paz! De boa vontade e acorrendo como sempre aos eventos promissores da Doutrina, aqui nos achamos de modo a vos trazer o nosso testemunho de fraternidade constante.

Nesse momento, realizais o início de uma nova etapa evolutiva, nesta casa de amor fraternal, onde os postulados sublimes do Espiritismo constituem o objetivo sagrado das atividades de todos os corações.

Não aproveitaremos o ensejo para palestras filosóficas ou doutrinárias, mas procuraremos aplicar o momento fugaz na exaltação da fraternidade que os deverá reunir os esforços no mesmo tempo de realização e de luta.

Trazendo-vos o coeficiente modesto de nossas energias espirituais, desejamos encarecer entre vós outros a necessidade de união e concórdia, a fim de levarmos a bom termo a nossa missão divina, ante o coração augusto d’Aquele que, do Alto, vela constantemente pelos vossos destinos.

Os núcleos doutrinários devem florescer por toda parte, de modo a efetivarmos os mais belos movimentos de assistência ao espírito coletivo, contudo, temos de imprimir ao nosso labor o mais alto sentido educativo, na realização da verdadeira fraternidade e da solidariedade real, à luz sacrossanta do Evangelho.

É certo que vivemos uma época aguda e difícil. As vibrações antagônicas são objeto de angústia no próprio lar, em cujo instituto divino necessitais erigir a concórdia e a paz inalterável.

Por todos os recantos a luta ressurge fragorosamente. Não buscaremos senão na solidariedade plena o recurso de nossa estabilidade, num campo como o da atualidade, onde quase todas as forças periclitam.

Minhas palavras destinam-se tão somente a utilizar o nosso momento familiar nesta casa, comemorando a elevação dos novos amigos aos postos de responsabilidade relevante, com um voto de louvor aos laços fraternos que deverão reunir todos os nossos esforços dentro da claridade profunda dos postulados evangélicos.

Se o homem desesperado dos tempos modernos é convocado às lutas acerbas, que não diremos do discípulo do Senhor, compelido ao testemunho da fé viva?

De vós, como de nós outros, operários da mesma oficina, sem a indumentária carnal, espera o Divino Mestre as provas mais amplas de devotamento e de coragem. Não bastará estudarmos, é preciso sentir. Não bastará doutrinarmos com os bens intelectivos. É necessário evangelizar com os mais altos testemunhos do coração. O que retarda a marcha são as vibrações antagônicas e esterilizadoras.

Faz-se mister abraçarmos uns aos outros com amor, como irmãos muito caros que se levantam no mesmo instante das fraquezas iguais. Com amor e humildade, com fraternidade e com fé realizaremos a edificação de nós mesmos nos mais elevados testemunhos de compreensão do Cristo. Não desconhecemos que existem no Espaço, nas Esferas mais próximas dos ambientes terrestres, os grandes agrupamentos da sombra que se movimentam, muitas vezes, com êxito para anular todos os trabalhos da Luz. Mas será possível que venhamos a ceder inermes, ante as energias contrárias, que nos assediam os esforços? Não podemos crer na sombra, mas no poder de iluminação do Divino Mestre. Cremos na Luz, no amor vitorioso, na caridade que regenera e que absolve.

Tomando por objeto de minhas palavras essas legendas profundas, eu rogo a Deus que faça de todos nós, encarnados e desencarnados, operários irmãos e trabalhadores devotados.

Cada vez que sentirdes o desânimo a penetrar a consciência, em cada instante que atentardes mais para os outros que para vós mesmos, lembremo-nos que uma força de sombra está se aproximando. O Espiritismo é a nossa luz. Brilhemos dentro dela com a coragem e o devotamento do discípulo sincero. Nossas pobres considerações desta noite, meus queridos amigos visam tão somente examinar as nossas necessidades em família. Dentro, porém de nossa fraternidade pura, eu vos compreendo a todos, sabendo contemplar em cada um uma boa fibra de companheiro.

Unamo-nos, pois, no mesmo apostolado de realização e de paz e que Deus, na sua misericórdia, ampare os queridos amigos que ascendem nesta noite a novos postos, permitindo que possam desempenhar com o mais profundo brilhantismo espiritual a tarefa para que foram chamados a desempenhar neste instituto cristão, onde as bênçãos da luz, do amor e da caridade florescem para as almas sob o divino orvalho do desvelado amor de Jesus Cristo.


Emmanuel

LUZ, AMOR E CARIDADE

Que a luz floresça em obras de bonança

Neste templo de vida superior,

Trazendo a paz que acalma toda a dor

Sob os raios divinos da Esperança!


Que em tudo aqui resplenda o grande Amor

Em cujos bens o Espírito descansa

Na luminosa bem-aventurança

Que conduz às vitórias do Senhor!


Luz e Amor ensinando que em Verdade

Fora da compreensão da Caridade,

Não existe nem Paz, nem Salvação!


Senhor, que essa bendita trilogia,

Seja entre nós o laço da harmonia

Que esclareça e console o coração!


João de Deus


(Mensagem e soneto psicografados pelo médium Francisco Cândido Xavier, na noite de 17 de agosto de 1939 no Centro Espírita Luz, Amor e Caridade, em Belo Horizonte, Minas Gerais, em reunião solene de posse da Diretoria do referido Centro, eleita para gestão de 1939 a 1940, sendo eleito presidente o saudoso confrade Bady Elias Curi. Os textos acham-se transcritos nas folhas 38-V e 39, do Livro de Atas das Assembleias Gerais e das Reuniões da Diretoria, iniciado em 22 de janeiro de 1933. A ata, da qual foram extraídos, foi redigida pelo 1.o secretário, Geraldo Rocha. Nas transcrições ora feitas, do livro de atas do Centro Espírita Luz, Amor e Caridade, não fizemos nenhuma alteração. Conforme verificará o leitor, respeitando a ortografia da época e o aspecto redacional da ata, com o que tributamos fidelidade aos históricos documentos, que remontam aos idos de 1939.

Tanto o trecho da ata quanto a mensagem de Emmanuel e o soneto de João de Deus, foram transcritos “ipsis verbis” para que seja conservado o mesmo sabor da época em que foram escritos [No livro digital foram efetuadas atualizações ortográficas. K. J.].

Sob o ponto de vista doutrinário-evangélico, ressaltamos, na mensagem de Emmanuel, a mesma diretriz, o mesmo equilíbrio e segurança, o mesmo pensamento Integralmente voltado para o espírito e a essência do Cristianismo, do qual tem sido fiel intérprete e fiel seguidor ao longo do tempo.)



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

Introdução

Tarefa de divulgação da mensagem cristã consoladora da Doutrina Espírita, que preenche a vida do estimado e querido médium Francisco Cândido Xavier, prossegue seu caminho.

É o livro espírita descortinando horizontes mais amplos e atmosferas sempre renovadas aos limitados sentidos humanos.

Diante de programação espiritual tão delicada, a completar este ano 135 anos de codificação com Allan Kardec e 65 anos de desdobre complementar com Emmanuel/Chico Xavier, voltamos nossa atenção a todos os tarefeiros que, no plano maia direto e muitas vezes humildemente, empreendem seus melhores esforços no acompanhamento dos meandros e detalhes que medeiam a gestação de um livro espírita.

Nomeá-los um a um fugiria de nosso objetivo de homenagem e reconhecimento, razão pela qual focalizaremos nossos comentários em torno de um representante dedicado desta classe de trabalhadores que executam e sustentam editorialmente a tarefa do médium Chico Xavier.

Forçoso lembrarmos a figura do confrade Vivaldo da Cunha Borges, trazendo a lume alguns detalhes de seu valoroso e eficaz trabalho.

Amigo constante do médium, responsabiliza-se pela diagramação da quase totalidade dos livros recebidos por Chico, desde 1975. Para tanto, mantém um trabalho de organização exemplar em seu gabinete, onde gasta grande parte do dia em abençoado labor. As mensagens, mal saídas do lápis mediúnico, lhe são entregues para a datilografia e as devidas correções. Aquelas sem título são por ele intituladas e, após o período de revisão, todas são cuidadosamente arquivadas em pastas classificadas segundo o Espírito comunicante (Emmanuel, Meimei, Maria Dolores, poetas, etc.). Outras são catalogadas segundo o local onde foram recebidas, como a Fundação Marietta Gaio e outras instituições espíritas do país.

Encontramos ainda o trabalho curiosamente denominado de “garimpo”, que se consubstancia num esforço paciente de busca a mensagens antigas, psicografadas pelo médium há várias décadas, e que ainda se encontram inéditas. Elas são encontradas em diversos centros e instituições espíritas por onde Chico Xavier tenha passado e, quanto possível, arquivadas com as adaptações adequadas à nossa época, registrando-se o local e a data em que vieram à luz.

Cada uma dessas pastas de arquivo funciona qual útero abençoado, na geração de mais um livro. Quando a Espiritualidade Maior, por intermédio do médium amado, considera a oportunidade de mais uma publicação, temos a definição do novo título e o prefácio da obra surge, geralmente ditado por Emmanuel. Todo o material passa, então, à diagramação, sendo separado em novas pastas, na exata forma com que aparecerá nas livrarias.

Ao lado deste trabalho de grande cuidado e importância, assinalamos também a exaustiva tarefa de catalogação de todas as mensagens psicografadas por Francisco Cândido Xavier. Tarefa executada com esmero por nosso irmão Vivaldo. Vamos encontrá-las todas, classificadas segundo o Espírito comunicante, por ordem alfabética de seus títulos, com a indicação do livro e da respectiva página em que se encontram, ou, se for o caso, com a indicação de “inédita”.

Que os tarefeiros do livro espírita, homenageados aqui, através de nosso irmão Vivaldo da Cunha Borges, recebam a gratidão inequívoca da comunidade espírita de Minas Gerais. Isto porque um trabalho executado com tamanha dedicação e eficiência só poderá ser fruto de muito, muito amor. (…)




(Fonte: “O Espírita Mineiro”, número 201, janeiro/abril de 1987. Também inserido no “Anuário Espírita de 1988”, número 25, IDE, Araras, São Paulo.)



Geraldo Lemos Neto
Francisco Cândido Xavier

Conclusão

“O bem que praticares, em algum lugar, é teu advogado em toda parte.”

“Todas as nossas figurações mentais, o conjunto de nossas lembranças, as nossas alegrias íntimas e os nossos ressentimentos, as nossas dores, as nossas aspirações, elas formam o conjunto do clima em que a nossa desencarnação se verificará.” Chico Xavier


Ecoa nas tradições da Lei, a imperativa orientação divina dirigida a Adão: — “Em fadigas, obterás da terra o sustento durante os dias de tua vida. No suor do rosto, comerás o teu pão.” — Gn 3:17.

Decorridos dezenas de séculos, contemplamos o ser humano a jornadear pelas paisagens terrenas, ainda encarcerado em si mesmo por não ter cumprido completamente a orientação celeste a respeito de seu aperfeiçoamento, junto aos deveres de cada dia. Raros são os que cumprem as próprias obrigações. Muito poucos situam-se além da própria esfera de necessidade ou utilidade.

Foi por esta razão que destacamos a figura deste humilde funcionário público, aposentado como escriturário do quadro permanente do Ministério da Agricultura aos 17 de janeiro de 1961. Com reverência, recorremos à certidão de número 21 da Delegacia Federal de Agricultura de Minas Gerais, de 24 de dezembro de 1960, que diz textualmente acerca do servidor de nome Francisco de Paula Cândido: “Durante o período de 01/08/1935 até 24/12/1960, o referido servidor não gozou licença especial, nem justificada. (…) O total de tempo de serviço constante da presente certidão é de 9.278 dias, ou seja, 25 anos.”

Nenhuma falta ao trabalho, nada de licenças e suspensões! Este dado, por si só, impressiona, sobremaneira, a todos nós, impulsionando-nos a conhecer, na realidade, este homem diferente.

Outros detalhes, ele mesmo nos conta a seu respeito:

— “Pude chegar até o fim do curso primário, estudando apenas uma pequena parte do dia e trabalhando numa fábrica de tecidos, das quinze às duas horas da manhã. Essa situação modificou-se em 1923, quando, então, consegui um emprego no comércio, com um salário diminuto, onde o serviço durava das sete às vinte horas, mas onde o trabalho era menos rude. (…) Não pude aprender senão alguns rudimentos de Aritmética, História e vernáculo. (…) O meu ambiente, pois, foi sempre alheio à literatura. Ambiente de pobreza, de desconforto, de penosos deveres, sobrecarregado de trabalhos para angariar o pão cotidiano, onde não se podia pensar em letras. Sobre (…) fatos e (…) provas irrefutáveis, solidificamos a nossa fé (espírita), que se tornou inabalável. (…) Resolvemos, então, com ingentes sacrifícios, reunir um núcleo de crentes para estudo e difusão da Doutrina, e foi nessas reuniões que me desenvolvi como médium escrevente (…) sentindo-me muito feliz por se me apresentar a oportunidade de progredir.” (Excertos da página “”, constituidora da obra “Parnaso de Além Túmulo”, Francisco Cândido Xavier, 10ª edição da F. E. B. — Federação Espírita Brasileira.)


Semelhante relato fala sozinho, dispensando comentários. Entretanto, ele é apenas uma face da personalidade de um homem que, antes de dar a Deus o que é de Deus, soube dar a César o que é de César.

Francisco de Paula Cândido, mais conhecido como Francisco Cândido Xavier, criado num ambiente onde não se pensava em letras, completou no último dia 8 de julho nada menos que 65 anos de atividades mediúnicas, ininterruptas, a serviço de Jesus e Kardec.

São 368 livros publicados sob a égide da Boa Nova e o patrocínio do Consolador prometido pelo Cristo de Deus. Francisco de Paula Cândido: o escrevente datilógrafo, dando a César o que é de César.

Francisco Cândido Xavier: o médium escrevente ou psicógrafo, dando a Deus o que é de Deus.

Simplesmente Chico Xavier, a alma sincera e leal, que acima de tudo ama a verdade. Profundamente ama a verdade, porque as desilusões deste mundo fizeram-no conhecê-la através de incomensuráveis sacrifícios, constantes renúncias, árduas tarefas e obrigações fielmente cumpridas.

“E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” – Jo 8:32.

Chico Xavier, uma vida de verdade, plena de verdade. Um livro aberto de testemunhos santificantes.

Sua obra é um trabalho verdadeiramente livre, pois sabemos que para o Senhor não há trabalho vão (1co 15:58), e onde está o espírito do Senhor, aí há liberdade (2Co 3:17). Um trabalho livre, porque é o esforço mais intenso que pode haver para um ser humano — o de sua transformação moral pelos padrões evangélicos.

Um trabalho universal, porque estruturado no bem dos semelhantes. Esforço desse homem-símbolo, não como força natural intencionalmente treinada, mas como sujeito através do qual verte o amor puro das esferas mais altas para o alívio das almas em aflição bem-aventurada.

Chico Xavier, um homem simples.

Chico Xavier, o homem-símbolo desse trabalho livre, que nos descortina uma fase única de liberdade a garantir o pleno desenvolvimento das capacidades espirituais latentes no homem atual.

Parafraseando conhecido filósofo alemão do último século, este reino da liberdade começa onde o trabalho deixa de ser determinado por necessidade e por utilidade exteriormente impostos; por natureza, situa-se além da esfera material propriamente dita. Nele começa o pleno desenvolvimento das forças humanas como um fim em si mesmo, o reino genuíno da liberdade, o qual só pode florescer, tendo por base o amor.

Foi deste amor que tratamos, de uma vida repleta de amor, inspirada no Caminho da Verdade e da Vida, baseada no “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” de Nosso Senhor Jesus. (Jo 13:34).

Falamos do ser humano extraordinário que, por tanto exemplificar o amor a nós outros em humanidade, é reconhecido pelo mundo como um discípulo do Mestre Nazareno.

Passados quase 83 janeiros de sua abençoada existência, ousamos auscultar o seu coração por todos nós querido e adivinhamo-lo a murmurar baixinho, com Paulo de Tarso (1co 15:10): “Pela graça de Deus, sou o que sou, e a Sua graça que me foi concedida não se tornou vã; antes trabalhei muito, todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo.”

Permita Deus possamos, por muitos anos ainda, desfrutar da presença amiga deste servidor incansável: .




Geraldo Lemos Neto
Francisco Cândido Xavier

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Gênesis 3:17

E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela: maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida.

gn 3:17
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

João 8:32

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

jo 8:32
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I Coríntios 15:58

Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.

1co 15:58
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João 13:34

Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros: como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.

jo 13:34
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I Coríntios 15:10

Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo.

1co 15:10
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II Coríntios 2:17

Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus, antes falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus.

2co 2:17
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