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Capítulo XXVIII

Doentes da alma


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Emmanuel

Existem doentes da alma, quanto existem enfermos do corpo.

Quando encontrares companheiros envolvidos na sombra do materialismo destruidor, ao invés de invectivá-los, compadece-te.

Cercados pela vida triunfante, do sol aos vermes e do lodo às estrelas, quantos se acham aparentemente desligados da ideia de Deus e trazem o coração em transitório desequilíbrio.

Se te hostilizam, silencia.

Se te provocam, abençoa.

Não lhes atires fel ao vinagre em que se lhes represa a existência.

Pensa nas dificuldades e lágrimas que os fizeram assim. Considera, sobretudo, que não são indiferentes à fé porque o desejem.

Surpreendemos os que foram orientados na rebeldia, desde a primeira infância e não dispõem de facilidades imediatas para renovarem convicções;

os que se viram mentalmente espancados por desenganos e perderam a confiança em si próprios;

os que se supunham superiores à Sabedoria Divina e quiseram subjugar os seus irmãos, caindo em amargas experiências que os constrangeram ao reconhecimento da própria pequenez que ainda não conseguem admitir;

os que tiveram a casa visitada pela morte e se revoltaram contra as leis da Vida que lhes favoreceram os entes amados com a libertação, antes que se lhes arrochassem as cadeias de sofrimento;

os que estimariam poder transformar inconsideradamente os princípios do Universo e se fazem adversários de Deus por não lhes ser possível o controle absoluto da Natureza e da Humanidade;

e aqueles outros que se enredaram em laços de angústia e pranto, pretendendo a fuga dos recursos expiatórios que criaram para si mesmos, na liberação das próprias culpas.


Diante dos irmãos que a descrença domina, jamais acuses. Sejam eles quem forem, abençoa-os e espera.

Não são passíveis de condenação ou censura. São enfermos da alma, portadores de estranha paranoia de que a misericórdia de Deus os retirará.


Uma aberração da inteligência


Irmão Saulo

Ao enviar-nos mensagem recebida em reunião pública em Uberaba, escreveu-nos Chico Xavier: “Os temas e comentários da noite giraram em torno da . As opiniões eram as mais diversas com respeito aos nossos irmãos materialistas, mas no término das tarefas o nosso abnegado Emmanuel escreveu, por nosso intermédio, a página, que intitulou “Doentes da Alma”, de que lhe envio cópia”.

A questão 147 refere-se ao problema do materialismo entre os especialistas em ciências médicas e estudos superiores em geral. Na pergunta seguinte o assunto é desenvolvido e os Espíritos respondem que não são os estudos que produzem o materialismo, mas a vaidade humana. E no final da resposta Kardec acentua: Por uma aberração da inteligência há pessoas que só veem nos seres orgânicos a ação da matéria e a ela atribuem os nossos atos. Só viram no corpo humano a máquina elétrica.

Essa expressão de Kardec, ainda hoje criticada, é agora plenamente confirmada pelo diagnóstico de Emmanuel: os materialistas são enfermos da alma, portadores de estranha paranoia. Aberração da inteligência ou enfermidade da alma são expressões que se equivalem. Mas por que esse rigor na apreciação do problema? Classificando-os assim, não menosprezamos e ofendemos os materialistas? Não se trata de uma coisa nem de outra, mas apenas de exame objetivo da situação. O Materialismo é considerado pelo Espiritismo como verdadeira ameaça à criatura humana, porque deforma a visão natural do homem e o precipita na cegueira espiritual.

O Materialismo nega a própria natureza humana que é espiritual e não material. Partindo dessa premissa falsa conduz o homem a uma atitude errônea diante da vida e do mundo. Bastaria isto para mostrar a sua origem patológica. É uma distorção da realidade. Hoje sabemos, pelas pesquisas antropológicas, etnológicas e sociológicas, que nunca houve na Terra um só povo ateu. O homem é naturalmente religioso, pois, como afirmou Descartes, traz a ideia de Deus em si mesmo. O Espiritismo nos mostra a existência da lei de adoração, lei natural que caracteriza a natureza humana. O materialismo nega essa lei e gera o desespero e a irresponsabilidade.



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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