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Capítulo XXXV

Atualidade terrestre


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Batuíra

Batuíra (Antônia Gonçalves da Silva), pioneiro da imprensa espírita em São Paulo, patrono do Clube dos Jornalistas Espíritas e do Grupo Espírita Emmanuel, figura de destaque na história do Espiritismo no Brasil. A Rua Espírita, do Lavapés, tem esse nome em virtude de ter sido aberta por Batuíra, que nela viveu e instalou as oficinas e a redação do jornal “Verdade e Luz”.


Meus amigos.

O texto escolhido por nossos instrutores da Vida Maior () recaiu na advertência do Senhor: — “quando derdes um festim, convidai os pobres e os estropiados…” (Lc 14:12)

Vemos nisso, em nível mais alto de deduções, a penúria espiritual do mundo e as mutilações de ordem moral que enxameiam na Terra, solicitando-nos a provisão necessária de amor e luz.

Sentimos hoje, talvez como nunca, o impositivo da distribuição dos recursos imprescindíveis da alma.

Em toda parte estamos cercados por um mundo sedento de socorro e esperança.

Nos decênios últimos, milhões de companheiros da Humanidade, que gravitavam em torno da comunidade planetária, voltaram ao Plano Físico impondo ao Orbe novas perspectivas de libertação e progresso.

Esmagadora percentagem dos recém-chegados, através das portas da reencarnação, no fundo não se constitui de seres mais adiantados espiritualmente e sim de legiões imensas que aguardavam oportunidade para o retorno à experiência no lado mais denso da vida.

Isso vem criando os desníveis que conhecemos e os desequilíbrios que transparecem atualmente de quase todos os setores da atividade humana.

Estamos na residência física do planeta assim como grande família que recebeu apressadamente e sem a devida preparação largo acréscimo de parentes que há muito tempo viviam distantes, a exigir-nos agora providências múltiplas para que consigamos todos viver, conviver e sobreviver.

É, decerto, a hora do festim da inteligência em que somos todos induzidos a cooperar com os nossos irmãos para que disponham de possibilidades básicas na existência, de modo a alcançarem os objetivos de segurança e evolução a que demandam.

Aprendemos a repartir o pão.

Atingimos o momento de estender a paciência e a tolerância.

Temos doado apoio afetivo aos entes mais caros. Chegou o instante de exteriorizarmos o coração em forma de entendimento e de amor.

Divulgação dos nossos princípios espíritas-evangélicos, não só de maneira determinada, mas por todas as formas que se nos façam possíveis.

Iluminar os caminhos e suportar os que transitam por eles carregando desespero ou desânimo, angústia ou perturbação.

Dar as mãos aos companheiros da estrada e ouvir-lhes os doestos e injúrias, as blasfêmias e lamentações com espírito de socorro e de paz.

Trabalhemos, sim, trabalhemos sempre mais, esparzindo os conhecimentos que nos honorificam a vida pelo acréscimo da Misericórdia Divina.

Antes de tudo, tanto quanto pudermos, solicitemos a todos, ou melhor, a cada um de nós, serenidade e serviço junto daqueles amados nossos, na órbita do lar, para que a tranquilidade e a bênção nos vivifiquem no desempenho dos deveres que o Senhor nos atribui.

Os pais difíceis, o filho problema, o esposo complexo, a esposa em desequilíbrio, o companheiro enigma e todos aqueles que se nos vinculam à experiência pessoal, transformados para nós em desafios inquietantes à nossa capacidade de entender e de amar — todos eles, os que se nos apresentam na moldura da provação — se erigem como sendo os necessitados a que nos cabe servir no festim da compreensão.

Pedimos determinadas concessões a Jesus e Jesus nos solicita determinados tipos de trabalho em Sua Seara de Infinito Amor. E essa seara começa de nossa própria casa.

Amemo-nos como Jesus nos amou. (Jo 15:12)

Esta será talvez para nós todos, agora, na atualidade do Mundo, a maior mensagem.


Os parentes extraviados


Irmão Saulo

Que somos todos irmãos perante Deus, nosso Pai, é ponto pacífico desde o advento do Cristianismo. Mas para figurar a grande família humana temos de admitir os graus de parentesco. Nossos irmãos que se extraviaram nos caminhos da reencarnação, perdendo-se nos descampados da zona etérea que circunda o planeta, são os nossos parentes que agora estão voltando ao convívio terreno. Enquistaram-se no espaço em núcleos estagnados, revivendo por séculos experiências há muito superadas, no abuso do seu livre arbítrio. Agora, nesta fase de transição da evolução planetária, são obrigados a retornar e temos de recebê-los, dividindo com eles o pão de nossas novas experiências.

A mensagem de Batuíra confirma outras muitas mensagens recebidas no meio espírita, desde o tempo de Kardec, sobre o crescimento da população terrena. Mas Batuíra nos oferece algumas informações novas: são milhões os que voltaram nos últimos decênios; essa volta em massa nos obriga a apressar a acomodação de todos e a preparar acomodações para outros que virão; entre os recém-chegados, a maioria esmagadora é de espíritos necessitados de esclarecimentos; mas há naturalmente espíritos adiantados que vêm auxiliar-nos a acomodá-los; de tudo isso resulta a abertura de novas perspectivas de libertação e progresso para a vida terrena.

Estamos no “festim da inteligência” porque os pobres e estropiados que vêm agora sentar-se à nossa mesa são inteligências que anseiam por participar das conquistas que fizemos durante a sua ausência. Essas conquistas da nossa inteligência são partidas como o pão na mesa do banquete espiritual que estamos vivendo na Terra. A divulgação do Espiritismo — a mais alta conquista efetuada no Planeta deve acelerar-se e intensificar-se por todos os meios possíveis, para que não falte a nenhum dos novos comensais a parcela de luz de que necessita.



Batuíra
Francisco Cândido Xavier


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