Colheita do Bem

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Capítulo XVIII

Conversação sobre raios


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10/08/1949


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês todos, conferindo-lhes muita paz.

Agradecendo os cuidados de nossa querida Maria na cópia da mensagem de 7 de julho último, lembro-me de que iniciáramos pequena . Esse assunto voltou à nossa mente, acentuando-se com o exame rápido que vocês efetuaram sobre o livro que contém alguns estudos importantes sobre a vida além das vibrações densas da matéria. Quanto estimaríamos a possibilidade de transmitir-lhes certos conhecimentos mais dilatados ao redor da lição! Precisamos, porém, dosar todas as palavras do noticiário para não forçar o pensamento de vocês, nem exaltar energias vivas e atuantes da imaginação. Tudo deve seguir a marcha da natureza e realmente cabe-nos render louvores ao Pai pela possibilidade de refletir, com proveito, nesses grandes e abençoados ensinamentos.

Não percam de vista, contudo, a certeza de que todas as pessoas possuem a sua “auréola de forças espirituais vivas e permanentes”. Todas as coisas e criaturas dos reinos inferiores da Terra guardam semelhantes patrimônios, por sua vez. O essencial, porém, é saber que a nossa mente detém o poder de modificar a auréola de todas as expressões de vida inferiores à que nos é peculiar, inclusive das pessoas que permanecem abaixo dos conhecimentos ou experiências que, pela nossa idade espiritual ou esforço reiterado, já conseguimos entesourar. Daí a necessidade de muita cautela na emissão dos nossos poderes espirituais na existência comum.

Esse aprendizado é sublime quando nos confiamos, de cérebro e coração, no serviço de autoaprimoramento. Podemos melhorar a qualidade dos nossos raios internos ou piorar-lhes as expressões. Na instabilidade de nossa mente endividada com o pretérito, através das ações praticadas e das reações que estamos recolhendo, é que reside a maior parte do nosso desequilíbrio transitório. Precisamos compreender que tanto quanto o ingrediente inadequado perturba a composição de um prato que desejaríamos primoroso à mesa. A nossa atitude imprópria, nessa ou naquela circunstância, altera o ambiente que estimaríamos perfeito no aproveitamento real do dia. Quando o otimismo e a confiança reinam entre todos, o domicílio material, que no fundo é o ninho ou o santuário das almas, se reveste de belas cores, possibilitando-nos mais ampla aproximação de espírito a espírito, porque a paz e a alegria produzem forças sumamente salutares em paisagens de grande beleza, mesmo entre os encarnados. Todavia, quando a irritação se amplifica de alguém num lar e consegue firmar-se, o “ambiente adoece”. O templo familiar se povoa de uma neblina, impalpável para vocês na posição vibratória em que se encontram, mas muito pesada e desagradável para nós, impedindo-nos, às vezes, por vários dias, mais ampla clareza na influenciação direta ou indireta.

As flores, tanto quanto as cores, emitem recursos de extrema sutileza. O vermelho cria raios excitantes, o verde proporciona repouso, o azul emite calma curativa, o amarelo vivo irradia forças contundentes, o escuro tendendo ao negro, ou ao preto afirmativo, produz raios paralisantes. A rosa, o jasmim, a acácia produzem forças que lhe são inerentes e todos nós, com os poderes de atuação que já alcançamos, podemos “fluidificar” as flores tanto quanto a água ou objetos coloridos, ministrando os raios que lhes são próprios, com os nossos, visando determinados fins.

Semelhantes estudos não podem, por enquanto, alcançar difusão mais intensa, porque apenas certa minoria de estudiosos honestos se acha preparada a lidar, construtivamente, com esses mananciais da natureza comum. Atitudes nossas existem que substituem, com vantagem, a luta corporal para fazer-nos doentes abatidos, tanto quanto nos proveitos da tarefa edificante substituem, com valiosa margem, a assistência do médico, do remédio ou do pronto-socorro. Acontece que todos estamos condicionados a criaturas e situações do passado espiritual e precisamos muito cuidado para não intensificar ou multiplicar dívidas, porquanto somos solicitados, a cada hora, a novos acertos de contas. Nesse sentido, se muitas vezes encontramos no Cristo o Salvador de homens perdidos, o Anjo das revoluções divinas, o Embaixador do Céu, o Mestre da humanidade, raramente pensamos nele como Doador. Se nos ligarmos, em espírito e verdade, às suas lições renovadoras, praticando-as no imo da alma, reconhecendo-lhes as características de lei imutável, toda a nossa organização se modifica para melhor, alterando-se-nos as qualidades da “auréola de irradiações individuais”, porque essas forças hão de ser criadas e desenvolvidas dentro de nós, por nós mesmos, nos mesmos moldes da sementeira. Primeiramente, o fenômeno de desabrochamento requer a contenção, a disciplina, e mesmo a solidão, qual se verifica com a semente sob o bloco de terra ou debaixo de pesados envoltórios, que, aparentemente, a esmaga. Tolerada essa face, que na alma humana, por vezes, vale por séculos, quando a criatura não se concentra no ensino, a irradiação se modifica e renova integralmente. Conduzidas nossa inteligência e vontade às diretrizes do Cristo, nossos raios vitais adquirem nova expressão e novo valor. Por isso também foi ele chamado Pastor. Pastor é aquele que conduz as ovelhas, “sem freios”, mas por magnetismo pessoal, ligando-se ao rebanho por fios invisíveis do pensamento.

Creiam vocês que esse é um ensinamento daqui, de nosso Plano, mas vocês, por perseverança no serviço, podem atingir a antecipação, compreendendo, com a experiência que nos é lícito desenvolver ao infinito, que cada um de nós é um fulcro de energias vivas, influenciando e sendo influenciados.

É da harmonia em que nos ajustamos no bem que resultará a nossa capacidade positiva de estendê-lo.

Fujamos das posições negativas da tristeza, do luto, do desânimo. São dos piores estados que, aliados à ignorância ou à violência, produzem verdadeiras calamidades nos destinos individuais ou coletivos. Nossa marcha para a frente é uma jornada “através de bombardeios”. Cada dia tem os seus raios diferentes. Utilizá-los por benditas oportunidades de aumentar a alegria, dilatar o bem-estar, intensificar o trabalho benéfico e suprimir o desalento, a enfermidade e a precipitação é dever de todos.

Em outra oportunidade, prosseguiremos. Lembremo-nos de que estamos produzindo raios-força em torno de nós e com essa convicção adiantaremos de muito o aperfeiçoamento de que necessitamos, porque conhecer essa realidade é diminuir e eliminar muitos males no “nascedouro” de qualquer sombra.

Formulo votos sinceros ao Senhor para que façam uma boa viagem. Peço ao Rômulo conduzir consigo os nossos amigos da homeopatia, mormente o Lachesis e o Staphysagria. A modificação lhe fará bem, salientando que uma visita ao mar é sempre um bom remédio para o que luta no monte. Aliás, os mineiros não podem prescindir das praias. Isso em todo o tempo.

Continuamos a trabalhar pelo nosso amigo General Aurélio. Notamo-lo espiritualmente um tanto exausto. O conflito da nossa alma com o corpo é sempre um duelo difícil pela solidão em que se desenrola. Não lhe tem faltado, porém, o apoio de toda uma falange de companheiros devotadíssimos.

Muito boa noite para vocês todos. E formulando sinceros rogos ao Alto pela nossa felicidade geral abraça-os o papai muito amigo de sempre,




Notas do compilador: Retiramos o “nem” que aparece no livro impresso: Não percam de vista, contudo, a certeza de que todas as pessoas possuem a sua “auréola de forças espirituais vivas e permanentes”. Vide em , de André Luiz: , por isso, dos mais rudimentares aos mais complexos se revestem de um “halo energético” que lhes corresponde à natureza.



A. .Joviano
Francisco Cândido Xavier

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