02/08/1950

Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês todos, conferindo-lhes muita paz.

Alegra-me a satisfação com que se devotam ao reajustamento em novo plano para a luta física. A vida é sempre renovação em toda parte. Os dias parecem iguais, mas simplesmente parecem. Voltam, sim, no mesmo curso das estações a se repetirem, de conformidade com as leis preestabelecidas para o equilíbrio planetário. Entretanto, não são os mesmos na feição mais íntima.

e de oportunidades diferentes. É indispensável analisar as sugestões e recursos, ensinamentos e surpresas das horas para que o nosso patrimônio não perca os dons multiplicados de que o tempo é o emissário benemérito para nós todos. Assim, portanto, guardemos alegria e tranquilidade com a transformação dos valores e, em nosso caso, não podemos esquecer que a transformação se verifica para melhor. Rendamos louvores a Jesus, que tantos recursos nos proporciona, e consagremo-nos às obras dele, que são as do progresso e aperfeiçoamento da vida onde nos encontramos com a satisfação dos colaboradores felizes, e sigamos no rumo do amanhã com esperanças sempre mais altas.

Abro hoje, meu caro Rômulo, um parênteses para cogitar do problema da sua saúde, não para incensar as dificuldades orgânicas, o que, felizmente, não é de nosso feitio, mas sim para exercermos o bom serviço da prevenção benéfica. Na noite de anteontem fui eu mesmo quem transmitiu o recado sobre a aplicação dos elementos homeopáticos, o que fiz depois de examinar o funcionamento de sua máquina. Você sabe, meu filho, que fala a você o velho amigo que já transpôs o “grande portão” e posso exprimir-me com a serenidade e a segurança de quem conhece a experiência. Ninguém deve esquecer o valor e a importância do veículo físico, e precisamos cuidar dele. Em boa teologia católica firmou-se o princípio de que as criaturas possuem dia prefixado para a viagem, mas conservando os conhecimentos próprios de agora posso dizer-lhe que não é bem assim. Todos, em nos encontrando na Terra, deveríamos fazer tudo por nos demorarmos bastante no sublime aprendizado que nos oferece. Sabemos hoje que a Eternidade é a nossa herança e, por isso, cada vez que nos transferimos de Plano é mais útil conduzirmos conosco a melhor bagagem no setor da lição aprendida e do serviço feito. Senti-me na necessidade de traçar esse preâmbulo para justificar a minha entrada no assunto. Para temperamentos de nossa estrutura, a atividade é alimento. Receitar-lhe, pois, o repouso seria tão absurdo como subtrair-lhe o remédio, cuja virtude nos auxilia na restauração indispensável. Entretanto, permita-me aconselhar a você baixar um pouco o termômetro das preocupações. Nossa mente é o senhor das comunidades celulares que se habituam a servir-nos enquanto perdura a nossa permanência na Esfera carnal. E essas comunidades são como um grande povo, que atende a determinadas circunstâncias em que os princípios da limitação passam a imperar e não convém insistir em excesso no desdobramento das obrigações a essas associações microscópicas. É o nosso caso. Você foi objeto de algumas perturbações de vasos circulatórios em outro tempo, que deixaram certos traços profundos a figurarem hoje por pontos vulneráveis de seu organismo. Há que concedermos alguma coisa a essa “gente celular” para que se não desarmonize. Felizmente, o fenômeno foi precedido de certas providências benéficas, não só no campo da medicação como também em seu abençoado ministério de curas, mas, por alguns dias, aconselho a guardar uma atitude suficientemente calma, diante da paisagem da luta.

O problema não é o de evitar o movimento nem de afastar-se da atividade regular, e nem mesmo o de despender força física. O problema é de atitude mental, que se reveste de muito mais importância que possamos pensar. Um médico humano, se visitasse você pela manhã, diagnosticaria um espasmo de vasos importantes, mas os nomes complicados apenas desfiguram as situações e não resolvem os problemas. Temos, pois, a esperar de você, por alguns dias, uma posição íntima de calmaria quanto possível para tratarmos do assunto com a segurança que desejamos. Pouca alimentação com predominância de líquidos e respiração rítmica durante alguns minutos, nas horas do dia, como se você estivesse em ginástica de pulmões. Essa providência melhora o aparelho central, com eficiência. Esperamos restabelecer as zonas um tanto perturbadas através de nossos recursos, mas aconselhamos a você o uso do Kalmia Lat., ou equivalente, 5 gotas num cálice de água, duas vezes ainda hoje, antes de deitar-se, com espaço de uma hora, repetindo a medicação amanhã cedo e à noite. Você não se agaste com essas lembranças, porque reconheço e justifico a sua desistência de qualquer culto às enfermidades, contudo, não é nesse espírito que examino a situação e sim na do restaurador, que compreende a beleza e a utilidade de certas máquinas. Poderia ignorar o caso nas páginas de nosso intercâmbio e assim agiria se você não tivesse assinalado o fenômeno da manhã, embora toda a nossa aparelhagem de assistência indireta, em ação, mas julgo melhor entrarmos em entendimento, porque, desse modo, você cooperará comigo, com a eficiência que eu desejo. Longos anos desejo a você no bom combate, muitos prêmios da luz aspiro para vocês todos ao termo da luta construtiva e, por isso, não posso fugir à tarefa da preservação indispensável. Espero que, com o auxílio de Jesus, dentro de uns dois a três dias você poderá retomar os hábitos e a alimentação comuns ao esforço de sempre. Deus nos abençoe a todos e conservemos ao nosso lado a confiança e o otimismo.

O receitista indicou elementos para a nossa querida Maria, a quem peço resguardar-se contra os golpes de ar frio, no serviço antigripal.

Boa noite para vocês todos. E rogando ao Senhor nos ampare e ilumine reúne-os num grande abraço o papai muito amigo de sempre,