Nas Pegadas do Mestre

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CAPÍTULO 85

O sal da Terra

"Vós sois o sal da Terra" — disse Jesus aos seus discípulos, e acrescentou: "Se o sal se torna insípido, como se poderá restituir-lhe o sabor? Para mais nada presta, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. "


(Evangelho.)

Sois o sal da Terra! Quanta sabedoria em palavras tão simples, tão singelas.

Consideremos certas qualidades ou propriedades características daquele mineral. O sal é um elemento que guarda invariavelmente a sua pureza; nada o altera, nada o contamina, nada o corrompe, ainda mesmo quando em contacto com as maiores impurezas. É, por excelência, incorruptível.

Assim deve ser o cristão: bom no meio dos maus; justo no meio da iniquidade;

probo no meio dos desonestos; prudente no meio dos insensatos, humilde no meio dos orgulhosos; altruísta no meio dos egoístas; sincero no meio dos hipócritas; fiel no meio dos infiéis; resignado no meio dos revoltados; pacífico no meio dos belicosos; virtuoso, numa palavra, no meio de todos os vícios e de todas as paixões.

O sal, além de se conservar puro, preserva da corrupção, impedindo a decomposição dos corpos com os quais se acha associado: tal deve ser o cristão no meio em que vive.

O sal jamais está inativo. Onde quer que se encontre, está como que agindo sempre, visto exsudar continuamente aquela essência que lhe é peculiar. Tal qual deve ser a atitude do cristão na sociedade. Seus feitos devem atestar, sem solução de continuidade, a fé de que se acha impregnado. O sal nunca recebe: dá sempre. Misturaio com açúcar; este receberá a essência daquele, tornando-se salgado, porém, o sal jamais se deixará adoçar recebendo a influência do açúcar.

O cristão, como o sal, está no mundo para dar e não para receber. Ele, do Céu é credor; da Terra é devedor. Cumpre-lhe, pois, receber lá do alto para distribuir cá em baixo.

O sal não se faz conhecer pelo exterior. Em aparência, ele se confunde com muitas outras substâncias; entretanto, logo que se entra em comércio com ele, dá-se de pronto a conhecer distintamente.

Semelhantemente, há-de ser o cristão: "pelos frutos os conhecereis" e nunca por qualquer insígnia ou sinal exterior. Pela aparência, confundir-se-á com o comum dos homens, mas, desde que se entre em contacto com ele, revelar-se-á prontamente, manifestando suas qualidades.

O sal tem uma função distinta, especial, inconfundível. Não se presta a vários fins, mas de um modo definido e positivo, a um fim determinado. De modo idêntico há-de ser o cristão, cujo ideal definido na vida deve consistir na obra da redenção do seu espírito e do de seus irmãos.

Se o sal se tornasse insípido, isto é, se perdesse as qualidades especiais que o caracterizam, tornar-se-ia de todo imprestável, visto como não se poderia aplicar a outras funções além daquela que lhe é essencialmente própria.

Outro tanto sucede com relação à fé que faz o cristão. Se ela se desnaturar dos predicados que a exornam, tomar-se-á de todo anódina, inválida, inútil.

A religião que não promove o aperfeiçoamento do espírito, que não constrói, e não consolida o caráter do homem, não é religião: é sal insípido que, mais cedo ou mais tarde, cairá fatalmente no desprezo.




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